Catraca Livre indica 9 filmes para comemorar o Dia do Cinema Brasileiro

No Dia do Cinema Brasileiro, a Catraca Livre indicou 8 filmes que marcaram época

Nesta sexta-feira, 19 de junho, comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro, data que resgata a trajetória da nossa indústria audiovisual desde o primeiro relato de sua existência: 19 de junho de 1899.

Na ocasião, o cineasta italiano Afonso Segreto filmou as primeiras imagens do Rio de Janeiro, quando, a bordo do navio francês Brésil, desembarcava por aqui. E assim ‘Vista da Baía da Guanabara’ tornou-se a primeira película do cinema nacional. Ainda que não haja nenhum registro oficial sobre sua existência.

De lá pra cá, em uma história de 122 anos, a filmografia nacional teve sua história contada por meio de importantes movimentos, como o Cinema Novo, e obras marcantes como O Pagador de Promessas_ que em 1963 levou a Palma de Ouro, maior premiação do Festival de Cannes, tornando-se até hoje o único filme a conquistar o feito.

Destacam-se ainda Central do Brasil, Cidade de Deus e Bacurau, entre obras de destaque além das salas de cinema do país.

Para comemorar a data, parte da equipe da Catraca Livre indicou filmes que tocaram nossos corações!

  • Ilha das Flores – Jorge Furtado (1989) – Brian Alan 

“Separei um dos meus filmes preferidos na infância e que me fez mudar a maneira de pensar sobre a natureza, consumo, sociedade e outros pontos.

O nome é Ilha das Flores, com direção do Jorge Furtado, lançado em 1989. O filme mostra a realidade socioeconômica e cultural brasileira de maneira nua e crua. Não existe um conto de fadas sobre como a vida é bela e é por isso que impacta tanto. Nós, brasileiros, por vezes fechamos os olhos para quão desiguais somos e por essa razão o Ilha das Flores se faz necessário depois de tanto tempo que foi lançado. Enquanto alguns têm muito, outros quase nada.”

  • Café com Canela – Ary Rosa e Glenda Nicácio (2017)  – Tamiris Gomes 

“Foi para mim um verdadeiro achado dos streamings que guardei entre meus preferidos. Não só pelo que o filme representa — é o primeiro longa nacional de ficção com uma mulher negra na direção que entrou em cartaz nos cinemas em mais de 30 anos — mas também pela experimentação visual e cultural. O premiado trabalho de Glenda Nicácio e Ary Rosa nos leva a percorrer (de bicicleta) as ruas do interior da Bahia e as referências às religiões afro-brasileiras. Com essa atmosfera do Recôncavo Baiano, o filme presenteia com uma narrativa de luto, afeto e beleza, construída por meio da potência de mulheres negras e suas diferentes trajetórias. Valdinéia Soriano (premiada como melhor atriz no Festival de Brasília), Alice Brune e Babu Santana (“Tim Maia”, “Estômago”) são alguns dos nomes no elenco principal. Atualmente o filme está no catálogo da Amazon Prime Video.”

  • Estômago – Marcos Jorge (2007) – Camila Passetti 

“Vou de “Estômago”, Ni! Filme de 2007, com elenco de tirar o chápeu. O filme é sobre Raimundo Nonato, um cara simples que vai pra cidade cheio de esperanças de ter uma vida melhor (aquela coisa). Ele arranja emprego como faxineiro em um botecão, e aí descobre seu talento na cozinha, com a coxinha mais cobiçada da região. A trama começa a partir daí, com reviravoltas intrigantes, pitadas de humor ácido, suspense e uma narrativa impossível de causar desinteresse. Acho que é um filme que representa com categoria o brilhantismo do cinema nacional! Pra quem quer enriquecer o repertório é tiro certo.”

  • Tatuagem – Hilton Lacerda (2013) – Heloísa Aun 

“Tatuagem, do diretor Hilton Lacerda, é um verdadeiro panorama artístico do Brasil, vinculado à questão política, e por isso é bastante atual. Na cidade de Recife, em 1978, com a ditadura militar ainda atuante, um grupo de artistas provoca a moral estabelecida com seus espetáculos de cabaré, usando o deboche como resistência. Em meio a esse cenário, Fininha, um solado do interior de Pernambuco, se apaixona por Clécio, dono de uma trupe anarquista. A obra venceu o prêmio de melhor filme no Festival de Gramado 2013 ao evidenciar temas como liberdade, sexualidade e amor na sociedade da década de 70. Mais do que isso, rompe diversos tabus. Na época, eu fiz uma crítica sobre o filme, neste link.”

  • República – Grace Passô (2020) – Gabriel Nogueira 

“Esse curta foi gravado e lançado durante a quarentena e dá pra assistir de graça no vimeo do IMS. É uma doidera que combina bastante com esse nosso tempo, onde num dá pra saber em que momento a realidade acabou e o sonho (ou pesadelo) começou. Fora que a Grace é foda e rouba demais a cena (com ela eu recomendo também o Temporada, que tá na Netflix).”

  • O Homem que Copiava – Jorge Furtado (2003) – Francine Costa

“Acho que foi o filme que me despertou interesse no cinema nacional, na época me marcou bastante e é um filme muito foda. É antigo mas vale muito a pena.”

  • O Cheiro do Ralo –  Heitor Dhalia (2007) – Patrícia Gomes

“Acho que é uma metáfora do mundo pós revolução industrial, onde as pessoas tem seu valor conforme suas posses.  E o Selton, no personagem principal do filme está incrível, mas acho brilhante a forma como o ralo representa outra metáfora fudida sobre fazer algo sujo e não aguentar o cheiro depois. O escritório dele tem um cheiro q vem do ralo q sempre coloca ele no limite, como se fosse a representação prática de sua sombra.”

  • Ópaí Ó –  Monique Gardenberg (2007) – Laís Rocha

Opaí Ó, ele faz uma crítica social e racial com humor e conta muito de como são as relações na minha terrinha. Além disso as atuações de Wagner e Lázaro estão incríveis e de muitos outros atores baianos não tão conhecidos no cenário nacional como Tânia Toko, Érico Brás, Lyu Arrison. Muita gente boa!

  • Nise: O Coração da Loucura – Paula Lago

O filme é de 2015, tá na Netflix, e vai te fazer viajar para o Brasil da década de 40, quando pacientes com esquizofrenia eram submetidos a tratamentos violentos e desumanos como eletrochoque e até lobotomia. É um drama histórico que mostra a importância da alagoana Nise da Silveira para a psiquiatria nacional. O machismo se faz muito presente, mas a doutora não se deixa abater: mesmo desacreditada pelos colegas, ela assume uma unidade abandonada de um hospital psiquiátrico no Rio e transforma a vida dos pacientes a partir da arte. Vai te fazer repensar a forma como lidar com as dores nossas de cada dia. (E tem gatinhos e cachorros <3)

  • Cidade de Deus – André Nicolau

O filme faz um retrato das consequências que a falta de políticas públicas podem produzir: pobreza, violência e falta de acesso a itens básicos como saneamento básico no Rio de Janeiro entre as décadas de 1970 e 1980.

Conta a história de Buscapé, protagonista que resgata da rotina da Cidade de Deus, e seus personagens, em meio à ascensão do tráfico de drogas no distante bairro da capital fluminense. Um filme épico seja pelo enredo, pela forma como é contado, pela arte, trilha sonora e fotografia. Indicado a quatro prêmios no Oscar de 2004 (direção, fotografia, roteiro adaptado e edição).