Cenoura e beterraba tornam concreto mais resistente e sustentável

Material extraído da fibra de raízes leguminosas ajuda a reduzir emissões de carbono da indústria da construção civil

Legumes são bons para a saúde e agora podem ser matéria-prima para a construção de prédios mais sustentáveis. Uma pesquisa que está sendo desenvolvida pela Universidade de Lancaster, em parceria com a empresa Cellucomp, ambas do Reino Unido, aponta que a adição de nanoplaquetas extraídas da fibra de raízes leguminosas, como cenoura e beterraba sacarina, à mistura de cimento resulta em um concreto mais resistente.

Da fibra da cenoura e da beterraba são extraídas nanoplaquetas que, adicionadas à mistura de cimento, resultam em um concreto mais resistente
Créditos: NatalyaBond/Shutterstock
Da fibra da cenoura e da beterraba são extraídas nanoplaquetas que, adicionadas à mistura de cimento, resultam em um concreto mais resistente

A novidade é bem vista porque a indústria da construção civil precisa urgentemente cortar suas emissões de gases de efeito estufa, mas a produção de cimento é muito intensiva em emissões: segundo a universidade, ela responde por 8% das emissões globais de CO2, e a previsão é que o volume emitido dobre em 30 anos. O concreto é feito com a mistura de cimento, água, pedra e areia (o cimento, misturado com água, vira uma pasta que se une a pedra e areia e forma um bloco monolítico).

O concreto com esse material é mais forte e tem menos risco de sofrer rachaduras
Créditos: Bannafarsai Stock/Shutterstock
O concreto com esse material é mais forte e tem menos risco de sofrer rachaduras

Como as nanoplaquetas oriundas da cenoura e da beterraba tornam o concreto mais resistente, pode-se usar menos dele na construção civil, o que resultaria, por sua vez, em menos emissões de CO2. Segundo a pesquisa, o uso de nanoplaquetas resultou na economia de 40 quilogramas de cimento Portland comum por metro cúbico de concreto.

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Testes também mostraram que as nanoplaquetas melhoram significativamente as propriedades mecânicas do concreto, que apresentou um desempenho melhor do que outros aditivos de cimento disponíveis no mercado, como o grafeno, material composto por átomos de carbono e que é muito resistente. Quando elas são adicionadas à mistura de concreto normal, a quantidade de hidrato de silicato de cálcio –responsável por torná-lo mais forte – aumenta. O custo também é menor.

Outro ponto positivo para essas nanoplaquetas é que elas ajudam a impedir o aparecimento de rachaduras no concreto.

A pesquisa conta com o apoio de 195 mil libras (R$ 976 mil) do fundo Horizon 2020, da União Europeia. O projeto também envolve pesquisas para acrescentar placas muito finas feito de nanoplaquetas vegetais a estruturas de concreto, para reforçar sua resistência.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.

Em parceria com qsocial