Aparelho usa gravidade para produzir energia

Conforme desce, peso aciona sistema que fornece iluminação para casas de comunidades isoladas e pobres

Comunidades isoladas e pobres têm usado um pouco de areia, algumas pedras e a força da gravidade para produzir energia alternativa, mais barata que a solar. O GravityLight, desenvolvido por uma fundação britânica de mesmo nome, funciona com um sistema de polias, em que um peso é erguido até uma certa altura e, conforme desce, aciona engrenagens que geram energia suficiente para acender lâmpadas LED.

O peso desce uma altura de 1,8 metro, produzindo luz durante 20 minutos. Se necessário, basta puxá-lo novamente para cima. Pode parecer um pouco trabalhoso. Mas em lugares como o Quênia, onde o projeto se expandiu e o acesso à rede de energia elétrica é privilégio de poucos, esse esforço faz diferença na qualidade de vida.

Nesses locais, normalmente são usadas lamparinas de querosene, um combustível caro. A chama, além de não ser suficiente para iluminar bem um ambiente, traz riscos de incêndio e queimaduras, causa problemas de saúde com sua fumaça e emite gases de efeito estufa.

O GravityLight não requer bateria e não tem custo de operação, apenas o esforço físico de puxar o peso para cima. Trata-se de uma sacola que pode ser enchida com até 12 quilos de areia ou pedra. Mas, por causa do sistema de polias, é como se a pessoa levantasse apenas 3 quilos.

Lâmpada principal e luzes complementares da GravityLight; crédito: Divulgação

A luz gerada é cinco vezes mais brilhante que a chama da lamparina de querosene. É possível conectar até quatro lâmpadas no sistema. Com isso, pode-se estudar, cozinhar ou ler ao mesmo tempo.

A ideia da GravityLight começou em 2009, quando a SolarAid, uma organização que busca combater a pobreza e a mudança climática oferecendo energia solar em regiões remotas de países africanos, buscava ideias para desenvolver um sistema que custasse menos de US$ 3 por dia.

GravityLight usa gravidade para produzir energia; crédito: Divulgação

Ao trabalhar na ideia, dois designers de produtos, Martin Riddiford e Jim Reeves, perceberam que os painéis fotovoltaicos e a bateria para armazenar energia representavam dois terços dos custos. Ao buscar alternativas, chegaram à força da gravidade.

Em 2012, os dois tinham um protótipo do produto e fizeram uma campanha de financiamento coletivo para levá-lo a campo e testar com famílias na África e na Ásia. Após retornos, aprovações e sugestões que receberam, melhoraram o projeto e fizeram uma nova campanha para experimentar o produto no Quênia.

A luz ajuda no estudo; crédito: Divulgação
Créditos: Benj Binks
A luz ajuda no estudo; crédito: Divulgação

A partir daí, passaram a trabalhar em parceria com diferentes organizações para levar o GravityLight para comunidades isoladas e remotas do país. Também passaram a atuar com treinamento, para que os próprios moradores locais possam construir o equipamento para vender e assim ter uma fonte de renda. No Quênia, ele custa US$ 25 (R$ 87).

Para quem se interessar em ter um GravityLight, para usar em um acampamento, no jardim ou quando faltar energia, por exemplo, ele está à venda. Na Amazon, custa a partir de US$ 79,99 (R$ 278), fora o frete.

Sistema gera luz, que ajuda na hora de cozinhar; crédito: Divulgação
Créditos: Benj Binks
Sistema gera luz, que ajuda na hora de cozinhar; crédito: Divulgação

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.

Em parceria com qsocial