Imposto para frear consumo excessivo de carne ganha força

Colocar um imposto específico sobre a carne parece ser um caminho “inevitável” para reduzir doenças e enfrentar as mudanças climáticas, segundo um estudo  lançado por um grupo de investidores que administram mais de US$ 4 trilhões em ativos. Isso porque já há um consenso geral de que o consumo excessivo de carne está associada a obesidade, câncer e resistência a antibióticos.

Além disso, sua forma de produção consome muita água, está relacionada ao desmatamento e à degradação do solo e também é responsável por um grande volume de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Imposto ajudaria a reduzir doenças e aquecimento globalUm estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que a pecuária é responsável por 14,5% das emissões globais de GEEE, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a carne processada como uma das causas do câncer.

Assim, segundo a Farm Animal Investiment Risk and Return (FAIRR), sediada em Londres, a carne está seguindo a mesma trajetória que o cigarro, o açúcar e o carbono, que passaram a ser tributados em diversos países pelos danos que causam à saúde e ao ambiente.

A pecuária é associada a algo consumo de água e degradação do solo

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Para Jeremy Coller, fundador da entidade, para cobrir os custos reais de “epidemias” como obesidade, diabetes e câncer, e ao mesmo tempo enfrentar questões como a resistência a antibióticos e as mudanças climáticas, a taxação da indústria da carne “parece inevitável”.

Atualmente, mais de 180 países impõem impostos sobre o cigarro, 60 jurisdições taxam o carbono e pelo menos 25 taxam o açúcar.

A taxação da carne já está sendo analisada em países como Dinamarca, Suécia e Alemanha. Na Dinamarca, chegou-se a falar em US$ 2,7 de impostos sobre o quilo da carne.

De acordo com a FAIRR, o crescimento da população no planeta aumentou o consumo mundial de carne em mais de 500% entre 1992 e 2016. A tendência é que a demanda continue a crescer, especialmente em países em desenvolvimento, já que uma população com melhores condições de vida em geral passa a comer mais carne. Na Ásia, por exemplo, a demanda deve aumentar mais 19% até 2025.

Para cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com o Acordo de Paris, diz o estudo, será necessário que governos e organizações internacionais criem formas para alcançar um sistema mundial de alimentos mais sustentável.

Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.

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