Larvas de mariposa conseguem comer plástico

Foi sem querer que a cientista Federica Bertocchini percebeu que larvas de mariposa conseguiam comer plástico. Essas lagartas, da espécie Galleria mellonella, são criadas comercialmente como isca de peixe, mas também são conhecidas por devorarem colmeias de abelhas.

As lagartas comem e digerem o plástico

A cientista estava retirando algumas delas das colmeias que tinha em casa e colocando-as em uma sacola. Em pouco tempo, as lagartas haviam feito buracos no plástico.

Após esse incidente, Bertocchini e outros colegas da Espanha e do Reino Unido iniciaram uma pesquisa sobre isso na Universidade de Cambridge. Os cientistas descreveram como, ao colocar cem lagartas em uma sacola de compras comum, de polietileno, buracos começaram a aparecer em 40 minutos. Após 12 horas, a sacola estava bastante rasgada.

Após vários testes, os pesquisadores concluíram que as larvas não só comiam, como digeriam o plástico. Algo no sistema digestivo dessa espécie é capaz de quebrar as ligações químicas que formam esse tipo de material. Resta saber qual enzima está desempenhando essa função.

Larvas de mariposa aponta para possíveis soluções para o plástico

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Outros estudos recentes já haviam mostrado que outras espécies de larvas e de fungo também degradam esse e outros tipos de plástico, mas as lagartas de mariposa mostraram-se mais rápidas.

A pesquisa é animadora, pois as sacolas plásticas de polietileno que vão parar em lixões e aterros podem levar até 400 anos para se degradar. E, no mundo todo, são produzidas 80 milhões de toneladas desse plástico anualmente.

O plástico jogado a céu aberto leva séculos para desaparecer

Apesar disso, usar as lagartas para acabar com o problema ambiental causado pelo plástico não é a solução. Seria preciso uma quantidade significativa delas para comer tanto plástico. Além disso, elas são uma ameaça para as abelhas, que já se encontram sob risco de desaparecer.

Em vez disso, os cientistas querem estudar melhor como as lagartas comem o plástico e replicar o processo. Entre as ideias está a de desenvolver, por exemplo, bactérias capazes de degradar esse material.

Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.

Em parceria com qsocial