Caixa preta ilumina legado cultural e histórico do povo negro

Projeto da Faculdade Zumbi dos Palmares e da J. Walter Thompson Brasil mostra feitos da população de origem africana que não estão nos livros de história

Para muitos, a educação parece ser uma caixa preta. Então, é preciso abri-la e trazer à luz os conhecimentos. Sobretudo quando eles ajudam a quebrar preconceitos. Assim, muito do que não foi revelado pelos livros didáticos ressurge em um projeto que se debruça sobre o legado cultural e histórico do povo negro.

Catraca Livre criou o projeto Causando, apoiado pelo Carrefour, para mostrar como as marcas desenvolvem e assumem causas.

Os feitos dessas pessoas, os quais foram historicamente ignorados, são agora resgatados pela Black Box.

Trata-se de um livro de 200 páginas, que resulta de 15 mil horas de trabalho de pesquisadores, historiadores, jornalistas, professores e pessoas envolvidas com o ativismo negro.

Na publicação, as informações sobre o legado cultural e histórico do povo negro são “armazenadas” em caixas pretas feitas de papel vegetal translúcido.

O projeto mostra feitos da população negra que nem sempre estão nos livros de história
Créditos: Divulgação/J. Walter Thompson Brasil
O projeto mostra feitos da população negra que nem sempre estão nos livros de história

À medida que as páginas do livro são viradas, essas verdades saltam aos olhos do leitor.

Por sinal, você sabia que, antes de serem escravizados, os africanos eram especialistas em muitas áreas do conhecimento?

O cubismo, por exemplo, é uma apropriação da cultura africana. Povos do continente também já estudavam astronomia muito antes da invenção do telescópio.

O projeto foi realizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares e pela agência J. Walter Thompson Brasil
Créditos: Divulgação/J. Walter Thompson Brasil
O projeto foi realizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares e pela agência J. Walter Thompson Brasil

A Black Box, ou Caixa Preta, ressalta esses dados do legado cultural e histórico do povo negro. O projeto é uma iniciativa da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, e da agência J. Walter Thompson Brasil.

As imagens do livro, aliás, foram produzidas a partir do mapa da área do quilombo dos Palmares, símbolo de resistência à escravização no Brasil.

Por meio da técnica do design generativo, foi desenvolvido um código que transformou o mapa em pequenas partículas, reunidas para formar as ilustrações.

Luísa Mahin, ex-escrava que articulou levantes de escravos na Bahia, está no livro
Créditos: Divulgação/J. Walter Thompson Brasil
Luísa Mahin, ex-escrava que articulou levantes de escravos na Bahia, está no livro

Nas mãos do Instituto Mandela

Um exemplar dessa obra foi entregue para Graça Machel, política e ativista moçambicana dos direitos humanos e viúva de Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul. Ela afirmou que deve encaminhá-lo para o Instituto Mandela, organização internacional de educação.

A impressão de mil cópias do livro para alunos e parceiros da Faculdade Zumbi dos Palmares está em negociação. Seu conteúdo será disponibilizado em formato de e-book para o público em geral.

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