Dimenstein: Bolsonaro fez a demissão mais estranha que eu já vi

Como tenho 62 anos de idade e sou jornalista desde os 18, já vi centenas demissões de todos os tipos em diferentes governos – e em diferentes épocas.
Mas essa demissão de Gustavo Bebianno é inusitada.
Nunca vi nada semelhante.
O que me estranhou foi a justificativa oficial da demissão: foro íntimo.
Busco no dicionário a definição mais precisa:
Os significados da expressão “foro íntimo” se referem ao direito individual à intimidade. Quando se diz que algo é “de foro íntimo” é o mesmo que dizer “por motivos de ordem pessoal”.
Mas como pode ser foro íntimo uma demissão de um ministro feita por um presidente?
Afinal, são dois homens públicos lidando com a coisa pública.
Se Gustavo Bebianno foi demitido por desvios de dinheiro público quando era presidente do PSL, não é foro íntimo.
É crime.
Se ele foi demitido porque ele cometeu algum crime administrativo, também não é foro íntimo.
É motivo de inquérito, sob pena de crime de quem não tomou providências.
Se ele foi demitido por um motivo fútil, também não é íntimo.
É irresponsabilidade.
É como se Bolsonaro, que prometeu transparência, achasse que não precisa explicar seus atos.