Dimenstein: só uma coisa me decepcionou em Bolsonaro. Mas pouco.

Está fazendo sucesso nas redes sociais a página “Bolsominions Arrependidos“, mostrando a decepção de ex-fãs de Bolsonaro.

Nesses quase dois meses de governo, digo: não estou absolutamente decepcionado com Jair Bolsonaro.

Aliás, só uma coisa me decepcionou.

Está acontecendo ( infelizmente) não apenas o que eu imaginava, mas o que tinha escrito.

Bolsonaro nunca teve experiência de gestão pública e privada.

Era apenas um político inexpressivo gritando chavões.

Ninguém sabe ao certo o que ele pensa sobre previdência. Ou até se pensa.

Denúncias sobre filho, partidos e milícia?

Eessa conversa de mito da moralidade era uma asneira para enganar eleitor.

Qual surpresa em ver o PSL envolvido em acusações de laranja?

Já sabíamos de suas malandragens com apartamento funcional, uso de servidores irregularmente, emprego de familiares com verbas públicas.

Durante a campanha, ele falou muitas sandices sobre assuntos morais e educacionais.

Kit Gay, por exemplo.

Natural que, diante disso, Damares Alves, Vélez Rodrigues e Ernesto Araújo virassem ministros.

Ele já tinha insinuado que Alexandre Frota, um ex-ator pornô, poderia ser ministro da Cultura.

Não foi. Mas o ator indicou um subordinado para cuidar das verbas  oficiais do cinema.

Nada contra música sertaneja.

Mas quando um presidente só gosta de música sertaneja, não tem maiores problemas em ameaçar o patrocínio da Orquestra Petrobras, voltada à música clássica.

Nem se incomoda de ameaçar patrocínios dos Grupo Corpo ,  Débora Colker ou Anima Mundi.

O que se poderia esperar, afinal, de alguém que tem como inspirador o filósofo Olavo de Carvalho, um comprovado
charlatão.

Seu papelão em Davos é apenas consequência de nunca ter estudado.

Já sabíamos de sua incapacidade de se aprofundar em qualquer assunto.

Lembremos as barbaridades que falou, na campanha, sobre mortalidade infantil ou dívida pública, entre muitas outras.

Só uma coisa me decepcionou em Bolsonaro.

Eu imaginava que, por ser militar, ele iria impor disciplina entre seus ministros e assessores.

Vemos agora a bateção de cabeça entre seus ministros e assessores.

Cada um fala o que quer. Quando quer.

Já está em guerra declarada com seu vice-presidente.

O governo se divide em trincheiras: militares, políticos, burocratas.

Os filhos do presidente agem como crianças mimadas sem limites.

Eduardo Bolsonaro se comporta como ministro das Relações Exteriores.

Carlos Bolsonaro, porta-voz informal, ajuda a minar o relacionamento do pai com os meios de comunicação.

Acusa as Organizações Globo de chantagem para tirar dinheiro público e as acusa de torcer pela morte do pai.

Seus ataques contra a imprensa também não me decepcionaram – talvez um pouco pela falta de esperteza.

Lembremos que ele não admite ter existido censura à imprensa na ditadura.

Nem admite, aliás, que tivemos ditadura.

Sabíamos seu seu inspirador era Trump que, a cada notícia que o incomoda, berra: FAKE NEWS!

Mas, para ser sincero, não me decepcionou muito.

Afinal, sabíamos que ele foi punido no Exército por indisciplina.