Dimenstein: Temer pode ser salvo por um milagre. Só depende dele.
Michel Temer tem uma chance de ouro de sair pela porta da frente da presidência da República.
É tão óbvia mas tão óbvia que ele deve estar pensando nessa possibilidade – embora, vamos admitir seja remota.
Basta ele não sancionar o aumento do salário dos ministros do STF, que pode custar até R$ 6 bilhões por ano.
Aconteceria o milagre da popularidade.
É um lance arriscado: afinal, ele vai ficar mal com os juízes que, no futuro próximo, podem se vingar ao julgá-lo por supostas irregularidades administrativas.
Mas ele sairia por cima, aplaudido pelos brasileiros. Um milagre levando as condições em que ele assumiu, o legado que ele deixa – e o desempenho de seu partido nas eleições, próximo do Cabo Aciolo.
Em apenas 48 horas, 2 milhões de pessoas assinaram um manifesto, criado pelo Partido Novo e adotado pela Catraca Livre, pedindo que ele vete o aumento – nunca em nossa história se conseguiram tantas assinaturas em tão pouco tempo.
A Lei da Ficha demorou meses para ter 1,6 milhão de assinaturas.
A indignação com o aumento, feito meio surdina, juntou Bolsonaro, PT, PSOL, MBL com todos os veículos de comunicação. Todos aqui significa não 90%. Significa 100%.
O fato é que Temer vai sair da presidência sem deixar nenhuma lembrança popular.
Vetar o aumento pode fazê-lo deixar por cima o cargo, conseguido numa artimanha parlamentar.