Teste seu preconceito: Damares Alves como mãe de santo

Proponho aqui um teste de diversidade – uma experiência social. Quero ver quantos passam.
Imagine que o Brasil eleja um presidente que admira as religiões afro-brasileiras.
E colocasse uma mãe de santo exatamente como Damares Alves como ministra. No dia da posse, ele se diria “terrivelmente umbandista”.
Ao tomar posse, ele enchesse de imagens de Imenanjá no gabinete, usasse roupa branca na sexta-feira e, para se obter orientações, reunisse em Brasília pais de santo.
E se colocasse pai de santo para dirigir ministérios, tomando decisões inspiradas em, por exemplo, Ogum.
Rapidamente alguém mais fanático proporia o impeachment presidencial. Ou, quem sabe, queimar o palácio.
Certamente diriam: o Estado é laico. E com razão.
Lembro que só o fato de um episódio não previsto no cerimonial de Michel Temer com o babalorixá Uzêda provocou indignação. Temer recebeu um passe.

O que estamos vendo hoje é semelhante: a mistura da religião com o Estado, a ponto de o ministro das Relações Exteriores tornar-se um pastor-diplomata.
Medidas nas área de educação, direitos humanos, diplomacia e saúde sinalizam orientação religiosa.
Não foi motivo que a civilização decidiu separar Estado e religião: foi para garantir a racionalidade na tomada de decisões.
E depois de muito sangue rolado em nome de Deus.