Em 25 anos, casal faz de terra árida um paraíso de biodiversidade

Em 1991, Anil e Pamela Malhotra compraram 55 acres de terra improdutiva em Karnataka, na Índia, e começaram a plantar árvores nela. Após 25 anos, sua pequena floresta se transformou em 300 hectares de vida selvagem e biodiversidade, com centenas de plantas e animais ameaçados de extinção.

Anil e Pamela se conheceram e se casaram em Nova Jersey, nos Estados Unidos, durante os anos 60. Eles compartilhavam o amor pela vida selvagem e, ao visitar o Havaí na lua-de-mel, eles se apaixonaram pelas florestas e pela fauna locais. Compraram terra e resolveram se estabelecer por lá. “Foi onde aprendemos o valor das florestas e percebemos que, apesar das ameaças do aquecimento global, nenhum grande esforço estava sendo feito para salvar o futuro”, diz Anil.

Em 1986, eles viajaram à Índia para o funeral do pai de Anil, e o nível de poluição e de devastação os deixou horrorizados. Eles decidiram salvar o que podiam da vida selvagem do país. Venderam a propriedade no Havaí, mudaram-se para a Índia e começaram a procurar um local disponível.

Mais ao sul, um fazendeiro estava disposto a partilhar algumas terras abandonadas. “Quando eu vim para cá com um amigo que sugeriu que eu comprasse a fazenda, ela tinha 55 acres abandonados. O proprietário queria vender porque não conseguiu plantar nada aqui”, relembra Anil. “Para mim e Pamela, era o que nós estávamos procurando durante toda a vida.”

As pesadas chuvas locais fizeram o local improdutivo para a agricultura, mas era perfeito para a floresta. O fazendeiro ficou feliz em se desfazer da terra por um preço justo e, assim que os papéis foram assinados, o casal começou a trabalhar no reflorestamento.

Tudo que eles precisavam fazer era plantar algumas árvores nativas e deixar a natureza seguir seu curso. No início, a grama começou a crescer de novo, quando as árvores começaram a se espalhar. Assim que a floresta tomou forma, animais selvagens e pássaros se mudaram para lá.

Logo, o casal percebeu que não fazia sentido nutrir a floresta de um lado do rio se, do outro, fazendeiros usavam uma grande quantidade de pesticidas. Começaram, então, a comprar também essas terras, sempre que estavam disponíveis. Muitos proprietários se satisfaziam com a venda, já que muito pouco crescia por ali. Assim, a vida selvagem se expandiu e, hoje, ocupa mais de 300 hectares.

“As pessoas pensavam que nós éramos loucos”, conta Pamela. Hoje, o santuário é a casa de centenas de árvores e plantas, mais de 300 espécies de pássaros e dezenas de espécies raras e ameaçadas de animais.

“Eu me lembro de andar pela floresta e não ouvir nada além do som dos meus próprios pés”, diz Pamela. “Agora, o local está cheio de som.”

O santuário foi chamado de “Arca de Noé” por um cientista da Universidade de Oxford, um dos muitos que viajaram para lá para estudar plantas e animais que não se encontram em nenhum outro lugar do planeta.

A jornada não tem sido nada fácil. A natureza estava pronta para retomar as terras oferecidas por ambos, mas impedir a humanidade de interferir em seu trabalho era uma tarefa difícil.

Muitas pessoas da região não entendiam o que “o casal dos Estados Unidos” estava fazendo, e começaram a caçar na floresta jovem. Convencê-los a parar foi difícil –Pamela lutou contra caçadores furtivos usando troncos.

“Um religioso de um templo localizado em uma colina próxima foi morto por um tigre e os moradores estavam com medo. Nós os ajudamos a reconstruir o templo em um local mais seguro, mas nossa condição era que eles desistissem da caça”, diz a mulher, de 64 anos.

Agora, Anil e Pamela Malhotra estão tentando convencer grandes companhias a comprar mais terras e deixar a floresta se expandir naturalmente.

Com informações do Oddity Central