Entregadores em NY sofrem maus tratos e exploração

Há uma verdade amarga por trás do delivery de comida em Nova York. Os funcionários que realizam as entregas na cidade passaram a processar seus patrões após sucessivas ocorrências de maus tratos e baixos pagamentos.

A realidade é pouco conhecida dos clientes. Um dos trabalhadores, Carlos Rodriguez Herrera, 31 anos, conta que entrega pizzas por 60 horas semanais, mas ganha por 40 horas. Outro empregado, Efren, 44, que trabalha com comida indiana, foi atingido por um carro durante uma entrega. Já Salomon Perez, 33, ficou sem receber de um restaurante mais de US$ 40 mil (mais de R$ 126 mil) em pagamentos.

Entregador pedala contra o tráfego na hora do rush de Nova York

Além de percorrerem longas distâncias na cidade, os entregadores são obrigados a sair independentemente do clima. Eles mesmos são obrigados a manterem suas bicicletas, mesmo que elas sejam usadas exclusivamente para o trabalho.

O horário diário de trabalho, muitas vezes, passa de 12 horas. O pagamento, entretanto, não corresponde à carga horária –e reclamações podem significar demissão.

Essas condições pioram significativamente no caso de imigrantes ilegais, que representam cerca de 10% da força de trabalho da cidade. Segundo relatórios do Center for na Urban Future e do Brennan Center for Justice, muitos têm medo de reportar os maus tratos justamente devido ao status de imigrante.

Processos

“Como os nova-iorquinos são muito ocupados, eles sempre buscam meios para facilitar a rotina, e o delivery é uma delas”, diz o advogado Richard Blum. “Mas a maneira como isso é feito é invisível para eles.”

Trabalhadores fazem entregas em Nova York faça chuva ou faça sol

Em 2007, 36 entregadores processaram um restaurante vietnamita de Manhattan. Eles alegaram que ganhavam menos de US$ 2 por hora (aproximadamente R$ 6) e trabalhavam mais de 13 horas por dia, suportando ofensas durante o expediente. Eles ganharam US$ 4,6 milhões (cerca de R$ 14,5 milhões) na Justiça. Outros trabalhadores disseram em juízo que recebiam ainda menos: US$ 1,25 (menos de R$ 4) por hora.

Uma das maiores ações envolveu 61 empregados de uma rede de pizzarias. Herrera, citado no início da reportagem, é um deles, e compartilhou o ganho de US$ 1,3 milhão (mais de R$ 4 milhões) na Justiça. Ele não comemorou a vitória. “Eu me senti normal porque esse é meu dinheiro. Eles roubaram meu dinheiro.”

As informações são da Insider