Conhecer melhor o crowdfunding pode fazer você realizar seu sonho

Por: Aline Gattoni

Crowdfunding. Você deve ouvir bastante essa palavra, mas sabe realmente o que quer dizer? Ter esse conhecimento pode significar a realização –ou a morte– de seu maior sonho.

Por meio do crowdfunding –que nada mais é do que o financiamento coletivo por meio de “vaquinhas” on-line–, muita gente conseguiu realizar projetos e ajudar pessoas. Mas o termo se popularizou tanto nos últimos anos que muitas dúvidas ficaram pelo caminho.

Leia mais: Políticos e profissionais pegam carona na onda da “vaquinha” virtual

Fiascos famosos e casos de sucesso marcam “vaquinhas”; relembre

A baiana Candice Pascoal, fundadora do site de crowdfunding Kickante, mora na Holanda e está lançando o livro “Seu sonho tem futuro”. Na obra, ela mostra como tirar sonhos do papel utilizando pouco ou nenhum recurso. Pascoal explica de forma sucinta como tudo funciona:

“É uma forma de arrecadação em que qualquer pessoa pode colaborar com o valor que puder para que uma meta, sonho ou projeto seja realizado.”

Por exemplo: se você quer criar seu próprio negócio, mas ainda não tem a quantia suficiente para iniciá-lo, pode lançar uma campanha de financiamento coletivo em um site e pedir ajuda às pessoas que acreditam no projeto. “É o que chamamos de financiamento das multidões”, explica a CEO.

Candice Pascoal, fundadora do site de crowdfunding Kickante

Regras

Cada site ou plataforma de crowdfunding tem diferentes regras. É possível, por exemplo, escolher entre campanhas pontuais, recorrentes, flexíveis, “tudo ou nada” e assim por diante. Muitas vezes, recompensas relacionadas à causa são oferecidas aos doadores, até mesmo como uma forma de transmitir confiabilidade.

Na campanha flexível, o criador da campanha recebe os valores arrecadados mesmo que não atinja sua meta estabelecida (a quantia final). Já na “tudo ou nada”, ele só recebe as doações se atingir ou superar a meta. Caso não atinja, as contribuições são devolvidas para os contribuidores.

Como confiar

Embora as plataformas garantam o sigilo de informações e a segurança das transações financeiras realizadas dentro de seus domínios, o mesmo não podem dizer sobre a idoneidade dos criadores das campanhas.

De um modo geral, todos devem preencher um cadastro simples, fornecer dados pessoais, aceitar os termos de uso da plataforma e, em alguns casos, assinar termos de compromisso. “Estamos monitorando nossos sistemas 24 horas por dia, sete dias por semana, para identificar e eliminar atividades fraudulentas”, garante Pascoal.

Fabricio Milesi, CEO do Vakinha, também afirma que monitora as campanhas hospedadas em seu site. “Se uma vaquinha é denunciada, vamos em busca de informações que nos permitam bloquear e devolver contribuições.”

Fabricio Milesi, CEO do Vakinha

As plataformas, porém, não se responsabilizam pela eventual má-fé de colaboradores. Por isso, os doadores devem sempre analisar as campanhas de forma cuidadosa.

É recomendável ler toda a descrição da campanha, as opções e condições de recompensas e o perfil público do autor. Se a dúvida persistir, entre em contato com o criador do projeto.

Geralmente, a divulgação da campanha começa entre amigos, familiares e conhecidos. “O apoio dessas pessoas bem no início da campanha é fundamental para incentivar a confiança dos apoiadores seguintes”, diz a diretora de publicações do Catarse, Raíssa Pena.

“Campanhas com histórias falsas são muito pobres em todos esses quesitos e rapidamente são denunciadas por usuários, ou mesmo diretamente pelo Vakinha”, indica Milesi.

Luisa Rodrigues, gestora de comunicação do Benfeitoria, admite que não há como garantir que determinado projeto vai acontecer tal e qual prometido, ou que será entregue. “Mas se ele não acontecer, acionamos o termo e teremos centenas de colaboradores que reverberarão a mensagem.” Segundo ela, isso é “poderosíssimo”. “Os casos de não cumprimento do projeto são muito raros.”

Luisa Rodrigues, gestora do Benfeitoria

E se fizerem uma vaquinha para mim?

As campanhas podem ficar “abandonadas”, fazendo com que o doador colabore com uma causa que não precisa mais de verba? Segundo os sites de financiamento, não. Como cada campanha pontual tem prazo de duração, o que fica antigo automaticamente sai da plataforma.

Ainda assim, é preciso tomar cuidado e se informar sobre as causas antes de contribuir. Por exemplo, será que nesta semana choveu naquele lugar que está sendo prejudicado pela seca e é alvo de campanha?

Também há casos em que uma campanha é feita para ajudar terceiros que nem estão sabendo da ação. Neste caso, todas as partes precisam estar cientes. Se você for o alvo da campanha e não gostar da situação, basta entrar em contato com a plataforma que hospedou a causa.

“Sempre orientamos os realizadores para que, em campanhas que envolvam comunidades, entidades e outras instituições, as vozes dessas pessoas estejam presentes e sejam protagonistas no discurso da campanha –na descrição da página, nas peças gráficas e nas comunicações para redes sociais”, diz a diretora do Catarse.

“Se o beneficiado não quiser a vaquinha, encerraremos a campanha e faremos a devolução do dinheiro”, garante o CEO do Vakinha. “Esse tipo de caso ocorre frequentemente.”

Raíssa Pena, diretora do Catarse

Podia estar roubando, podia estar matando…

Para quem pensa em abrir uma campanha e arrecadar verba, os gestores das plataformas de financiamento coletivo concordam nas dicas mais importantes. São elas: planejar-se, investir um tempo diário na divulgação e no relacionamento, explorar outras campanhas para aprender com exemplos bons e ruins, detalhar a ação com imagens, vídeos e fotos e estar disponível para atender aos doadores.

“Antes de tentar grandes divulgações, comece pedindo doação para pessoas próximas para começar a construir reputação”, aconselha Milesi. Ela ainda indica buscar ajuda de pessoas que se sensibilizem com a causa ou que já passaram por situação similar.

“Comunicação constante, criatividade e escuta ativa são elementos fundamentais para o sucesso”, resume a gestora do Benfeitoria.

As plataformas investem na assessoria para quem está começando e disponibilizam canais especiais para esclarecer dúvidas. Clique e acesse os conteúdos do Benfeitoria, do Kickante, do Catarse e do Vakinha.

A empresa Bando fez uma compilação de mitos sobre o financiamento coletivo. Um recordista do Catarse também deu dicas para fazer sua campanha. Para acessar, clique aqui e boa sorte em sua doação ou arrecadação!