Energia solar chega a local isolado do sul do Amazonas
Neste mês, a energia solar chegou pela primeira vez a uma escola isolada no sul do Amazonas. Quem ganhou a instalação fotovoltaica foi a comunidade Cassianã, na reserva extrativista Médio Purus, no município de Lábrea, segundo informou a organização WWF-Brasil.
A escola local, que atualmente recebe cerca de 60 alunos da comunidade, agora poderá ter aulas noturnas e ventilador. Além disso, será possível fazer pesquisas pela internet e economizar com combustível.
“Às vezes, falta inflamável e o pessoal fica até três dias sem aulas”, diz o líder comunitário João Araújo. Apenas para as aulas noturnas, são necessários em média três litros de combustível para o gerador, o que leva a um gasto de R$ 450 mensais.
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“O combustível vinha certinho para os dias de aula”, conta Francisca Souza, aluna do ensino médio. “Agora, vamos ter mais tempo e luz para pesquisar. Acho que até poderemos ter uma impressora!”
“Só em pensar que agora não vamos mais ter o barulho do motor, para a gente não tem preço. Tinha noite que faltava a voz”, lembra o professor Cicleude Barroso.
Treinamento
A implantação das placas solares foi o momento final do Curso de Sistemas de Energia Solar Fotovoltaica para Qualidade de Vida e Produção Sustentável, ministrado por técnicos do Instituto Mamirauá, de Tefé (AM).
O instituto trabalha com energia solar no Amazonas há anos e integrou a proposta do WWF-Brasil de capacitar e instalar sistemas também no sul do Estado.
Moradores, eletricistas da prefeitura e estudantes da UEA (Universidade Estadual do Amazonas) integraram o curso e receberam certificados.
Ao final das aulas teóricas, todos treinaram na prática a instalação do sistema na própria escola e festejaram muito quando as luzes se acenderam.
As instalações continuarão em setembro, com mais uma escola e um sistema de bombeamento de água de rio. Os alunos das reservas que participaram do curso trabalharão nessas instalações, supervisionados pela WWF.
Ainda em Lábrea, serão instalados três sistemas para uso produtivo: bombeamento de água, refrigeração e equipamentos como despolpadeiras de frutas e extrator de óleos vegetais.
A presença de energia solar foi uma reinvindicação da Atamp (Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus). A iniciativa foi uma parceria entre o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a empresa Usinazul, o Instituto Mamirauá, a Schneider Eletric, a J.A. Solar, a UEA e a Prefeitura de Lábrea.