Escolas públicas ganham hortas criadas com sistema de compostagem

Poucos sabem, mas diferente do lixo gerado nos países europeus, no Brasil a grande parte do que sai das residências e estabelecimentos é resíduo úmido e orgânico. Essa característica específica tem dificultado a implantação da Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Com foco nesse problema, o engenheiro agrônomo Germano Güttler, lançou em Lajes, cidade do interior de Santa Catarina, o programa Lixo Orgânico Zero. Desde fevereiro de 2013, as escolas públicas do município receberam um sistema de mini compostagem ecológica, onde os próprios funcionários manejam o resíduo que é reaproveitado ali mesmo, no pátio local.

“Escolhemos um lugar específico que possa virar um jardim ou uma horta e, diariamente, depositamos ali o lixo orgânico. Em seguida cobrimos com uma mistura de materiais triturados de difícil decomposição como serragem, casca de árvore e folhas. Com o passar do tempo, essas camadas ficam mais altas, mas depois de 30 dias, quando já está mais compacta e uniforme, colocamos a muda do que queremos cultivar naquele espaço”, conta Güttler.

A partir desse sistema, diversos lugares com capim, ou até mesmo com concreto, que antes eram usados para entulho, passaram a ser revitalizado com plantas.

“Dessa forma o lixo orgânico não vai mais para a rua. Nós não acreditamos em coleta seletiva. Ninguém vai abrir 50 mil sacos de lixo diário para fazer compostagem. O nosso projeto elimina essa logística cara e complexa”, explica o engenheiro.

A segunda fase do projeto estimula os alunos a levarem o conhecimento para a casa. “Acreditamos que já passamos de mil residências onde os moradores aprenderam a fazer compostagem a partir da escola. Isso dá cerca de meio tonelada de lixo fora do circuito de coleta, com uma economia em torno de 80 mil por ano”, afirma Güttler.

Para ele o grande ganho é também ajudar os catadores que são beneficiados pela retirada do lixo orgânico que inviabiliza a reciclagem e enche aterros e incineradores.

“A nova geração de estudantes também já cresce com uma concepção diferente do que fazer com o lixo.”