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Estilista aos 12 anos, empresária colhe os frutos aos 18

Por: Aline Gattoni

Preconceitos de gênero –e, principalmente, de idade– não foram suficientes para segurar a estilista Isabela Matte. Aos 12 anos, ela começou a trabalhar de forma amadora no ramo da moda e hoje, aos 18, é dona de uma marca de roupas que é sucesso entre meninas de sua faixa etária.

Isabela Matte, empresária adolescente em ascensão meteórica
Isabela Matte, empresária adolescente em ascensão meteórica

Filha de um executivo e de uma funcionária do Poder Judiciário, Isabela não tinha ninguém da família na área. Quando começou, ela desenhava, escolhia o tecido e pedia para uma costureira fazer a peça. “Minhas amigas gostavam e perguntavam de onde era”, relembra. “Conversei com meus pais, que toparam fazer um investimento inicial de R$ 500, e desenvolvi com a minha mãe a primeira coleção. Vendi tudo.”

Ela conta que percebeu um nicho que poderia preencher no mercado. “Roupas de qualidade, básicas, estilosas, com um preço justo e que coubessem em meninas de 11 a 16 anos”, resume. Assim, Isabela se tornou a imagem da marca. É ela que, pessoalmente, posa com todas as peças para a publicação na página. Em breve, a loja, que leva seu nome, ganhará um novo site.

Para o especialista em e-commerce Bruno de Oliveira, criador da plataforma Ecommerce na Prática.com, esse é um dos maiores trunfos da garota. “Como um site com um design ainda antigo consegue vender tanto? O segredo é a ‘pessoalização’”, ele explica. “Isabela não leva seu nome só para a marca, mas espalha por todo o site. No ‘Sobre Nós’, a história descrita é a dela, e é o que o cliente quer.”

Segundo ele, o fato de Isabela posar como modelo é “sensacional”. “Não são apenas fotos de catálogo, são fotos do dia a dia. É um diferencial na hora de vender.”

E ele alerta que não adianta alguém de 40 anos, por exemplo, tentar investir da mesma forma no nicho adolescente. O diferencial, de acordo com o analista, é o fato de que Isabela está na mesma faixa etária. “É ela falando para as amigas dela” –ou seja, pessoas que se identificam com a “persona”.

Proporção inesperada

E-commerce de moda fez sucesso entre pré-adolescentes
E-commerce de moda fez sucesso entre pré-adolescentes

A página foi lançada em dezembro de 2012. A procura foi tão grande que seus pais largaram seus empregos e ingressaram no negócio. “Eu não sabia que a marca tomaria a proporção que tem hoje”, garante a estilista.

A loja triplicou de tamanho no primeiro ano e começou a crescer nas redes sociais, em especial no Instagram. “Foi só a um ano e meio atrás que entendemos a importância e o tamanho da marca”, afirma. De acordo com o especialista em e-commerce, esse é outro segredo de sucesso: a força da audiência que ela construiu na rede social. “Viral no Instagram gera vendas”, afirma Oliveira.

O negócio começou dentro de casa e apenas quando não havia mais espaço em nenhum cômodo, a família investiu em duas salas comerciais, uma para o estoque e outra para o escritório. As vendas, por enquanto, são feitas exclusivamente on-line.

“Estamos com um plano de expansão e já abrimos uma empresa nos Estados Unidos”, conta Isabela. “Temos muitas clientes lá e ao redor do mundo que pedem diariamente para a marca virar internacional, já que hoje só vendemos para o Brasil.”

Rebeldia

Isabela Matte posa para sua marca
Isabela Matte posa para sua marca

Apesar da inexperiência, a empresária contou com uma mãozinha da idade para que tudo desse certo. “Atribuo o grande boom da marca a uma calça que nasceu de uma rebeldia minha”. Ela conta que cortou com uma tesoura uma antiga calça preta de sua mãe, fazendo rasgos simétricos na parte da frente. “Ela ficou furiosa, mas amou e me ajudou a aperfeiçoar a ideia. Então criamos a calça Bianca”, diz. “Foi assustador, chegamos a vender mais de mil calças em coisa de dois dias.”

Isabela foi persistente ao notar que havia potencial para “algo grande”. “Foi muito puxado e tenho muito orgulho de nós todos”, diz. “Eu trabalho e estudo desde os 12 anos e passei por bullying, vestibular e depressão, mas acho que isso só serviu para me deixar mais forte.”

A empresária conta que ainda está aprendendo a lidar com a popularidade e a saber o que deve ou não postar na internet. “Ainda sou uma adolescente e, às vezes, na inocência de tentar fazer algo de bom, acabo sendo mal interpretada.”

Ela faz questão de deixar claros os valores da marca. “Não exploramos ninguém para diminuir nossos custos. Garantimos e acompanhamos quem trabalha conosco para assegurar sua qualidade de vida”, diz. A estilista diz não utilizar materiais de origem animal e “não incitar o consumismo”. “As peças são superbásicas e feitas para terem uma durabilidade alta.”

Seu orgulho se traduz em palavras. “Hoje somos fortes, trabalhamos mais de dez horas por dia, em feriados, fins de semana, mas sempre, ou quase sempre, com um sorriso no rosto, porque estamos juntos e amamos o que fazemos.”