O desafio da educação infantil em tempos de confinamento
Como promover um ensino de qualidade, baseado em experiências para crianças de 2 a 3 anos?
Quando fomos impactados pela notícia do fechamento das escolas em São Paulo por conta do covid-19 ficamos preocupadas e frustradas. Pois como poderíamos promover um ensino de qualidade, baseado em experiências para crianças de 2 a 3 anos? Como a casa poderia promover conhecimentos e representar um laboratório do conhecimento? Sobretudo, em um momento no qual as crianças estavam se acostumando com o ambiente escolar e fortalecendo os vínculos recentemente criados, em especial num processo de consolidação com os educadores e entre as crianças.
A nova realidade deu continuidade, em outras camadas, ao movimento de repensar as estruturas da educação e nos fortaleceu a pensar muito além dos processos escolarizantes tão controversos para esta faixa etária.
Com o ensino remoto emergencial foi necessário aprender a lidar com muitas críticas e frustrações, dos educadores, famílias e da comunidade escolar e, mais do que nunca, perceber a criança como sujeito central deste processo de construção do conhecimento.
Deste modo, foi fundamental dialogar com educadores diversos e construir uma parceria com as famílias de modo que as crianças pudessem ampliar as percepções sobre o aprendizado ocorrendo para além dos muros da escola e iniciando descobertas o âmbito de seu lar.
A casa virou laboratório do conhecimento e as crianças puderam experienciar a construção dos saberes neste novo, e tão conhecido, ambiente. E nós, como educadores em constante reflexão, desenvolvemos um ambiente de aprendizagem virtual abordando as necessidades de desenvolvimento de forma acolhedora, promovendo uma comunidade de aprendizagem, gerando curiosidade e atuando como facilitadores na criação de um senso compartilhado de confiança entre estudantes, famílias e educadores no processo de oportunizar o pensamento emergente.
Todo este processo nos conduziu a sessões virtuais coletivas e individuais diárias, além disso, para aqueles que não conseguiam efetivamente participar destas oportunidades, caminhamos com projetos que foram postados diariamente no Google Classroom. As propostas encaminhadas por esta plataforma permitiram que visualizássemos a documentação da comunidade escolar e garantiu que acontecesse uma ponte de comunicação acerca dos diferentes percursos de aprendizagem.
Com cada família os encontros ocorreram semanalmente e a participação destas famílias foi essencial.
A força dos vínculos ajudou a manter o grupo coeso e unido ao propósito da educação infantil, é claro que algumas famílias optaram por retornar apenas quando estivermos novamente em escola presencial. Ainda que tenhamos sentido muito pela movimentação da comunidade, lidamos com a situação com muita empatia, visto que cada família lida de forma única com as atuais circunstâncias.
Nossa busca constante permeou comunicação transparente, estabelecimento de uma rotina, momentos para que as crianças pudessem estar ‘analógicas’ e desconectadas vivendo e explorando o lar na construção dos conhecimentos… Ah! E muito movimento, pois criança não precisa aprender sentada!
Manter a positividade promoveu o tom de que a nova jornada seria diferente, mas muito divertida!
Ana Carolina Alcântara, Laís Pontes e Jussara Ribeiro, são educadoras da Escola Concept de São Paulo (SP)
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