ONG planeja ‘universidade da água’ no Nordeste
Uma ‘universidade da água’ no meio do semiárido, onde a seca é rotina e não tem hora para acabar. Lá, agricultores aprendem tecnologias de captação e armazenamento e compartilham o conhecimento que têm.
A escola não é feita para atender apenas as pessoas de Matureia, no sertão da Paraíba, onde será construída. A ideia é que comunidades de outras cidades e Estados possam se beneficiar dela. A iniciativa ganha destaque num momento em que o impacto causado pela estiagem se tornou o principal problema da população do Estado de São Paulo, nada acostumada com a seca.
Para fazer com que esse cenário se realize, o Cepfs (Centro de Educação Popular e Formação Social) realiza um crowdfunding até dia 7 de novembro. A meta é de R$ 177 mil.
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As contribuições possibilitarão a construção de um espaço de 306 m² na área experimental do Cepfs para receber homens e mulheres de outras localidades, entre estudantes, professores, técnicos, profissionais de outras ONGs e agricultores.
“A campanha possibilitará ampliar a infraestrutura da área, onde há várias tecnologias sociais implantadas que são inspiradoras em termos de reaplicação”, diz José Dias Campos, coordenador-executivo do Cepfs.
O Cepfs realiza o trabalho de capacitação e convivência com a realidade semiárida há 29 anos, tendo beneficiado 75 mil pessoas. Foi vencedor da 1ª edição do Prêmio ANA (Agência Nacional de Águas), em 2006; do Prêmio Ford de Conservação Ambiental, em 2013; e, no ano passado, recebeu das Nações Unidas o certificado Dryland Champions, entre outros.
Mais do que somente orientar sobre formas de captação e uso da água da chuva, a ONG empodera a população local, resgata relações de solidariedade nas comunidades e, por meio das inovações sociais, aumenta a qualidade de vida dos cidadãos.
A falta de água é nefasta para os agricultores. Sem ela, donos de pequenas propriedades rurais param de produzir _já que não podem irrigar as plantações.
Quando o nível dos reservatórios está baixo, cessa a água para os animais. Muitos morrem se não há chuva.
Sem recursos e produção, os sertanejos dependem do recurso concedido pelo poder público em caminhões-pipa. Há famílias inteiras que tomam apenas água não própria para o consumo humano. Por vezes, é a única alternativa sob o sol de mais de 40º C.
“A irregularidade das chuvas no semiárido e os poucos investimentos na infraestrutura das propriedades de agricultura familiar geraram o cenário de uma região quase imprópria para viver. Mas a promoção dos saberes locais, aliada à implantação de tecnologias sociais de convivência com a realidade semiárida, tem mudado essa imagem a partir da captação e manejo de água de chuva para o consumo humano e produção de alimentos!”, destaca.
Por QSocial