“Casarão Santos Dumont” inspira trilogia teatral

Lenise Pinheiro
Paulo Faria
Paulo Faria

Um casarão, localizado no centro de São Paulo, que pertenceu à família de Santos Dumont na década de 20, virou manicômio nos anos 50, depois cortiço e uma espécie de Quartel General do crime na “Cracolândia” em 2000.

É neste espaço que se desenrola a “Trilogia Degenerada”, conjunto de peças produzidas pela Cia. Pessoal do Faroeste com estreia marcada para o dia 8 de maio, na sede da trupe.
Os espetáculos têm entrada “Pague quanto puder”, na qual o espectador contribui com a quantia que desejar.

Construído no final do século 19, no bairro Campos Elíseos, Al. Cleveland, nº 601, o “Casarão Santos Dumont” é o ambiente escolhido por Paulo Faria, diretor dos espetáculos, para mostrar as influências históricas presentes no cotidiano da população paulistana. Sempre abordando o conceito de eugenia (estudo de pureza e supremacia racial de pessoas brancas), o dramaturgo monta um trio de melodramas inspirados em mitos gregos. “Meu objetivo é aliar teatro e crítica social para refletir por que existem diferenças tão grandes num mesmo local, no qual convivem “Cracolândia” e Sala São Paulo, uma ao lado da outra”, explica Paulo.

Veja ensaio fotográfico de Lenise Pinheiro

O início da história se dá com a peça “Os Crimes de Preto Amaral (1927)”. Nessa época, a elite cafeeira paulistana procura adaptar-se culturalmente ao fim da escravatura e à intensa imigração de europeus. É quando José Augusto do Amaral, negro e pobre, é preso por acusação de ser o primeiro serial killer do Brasil, com acusações que consideravam o tamanho de seu sexo e rosto. Morreu na prisão sem jamais ter sido julgado.

Depois de uma pausa de 30 minutos, começa o segundo espetáculo: “Labirinto Reencarnado (1944)”. Aqui, a Segunda Guerra Mundial serve de pano de fundo para abordar o papel da eugenia no Brasil, que contou com o segundo maior contingente de nazistas no mundo. Outro intervalo e sobe ao palco “Re-bentos (2000)”. Um cortiço ocupa o espaço que já simbolizou a riqueza do centro e o transforma em um dos principais pontos de distribuição de drogas do país.

Confira trecho da peça Labirinto Reencarnado: