“Ordem e Progresso”no MAM

Na esteira da posse da nova presidente do país, as mudanças no projeto de Brasil surgidas desde o pós-guerra são vistas pela ótica das artes visuais na exposição “Ordem e progresso: vontade construtiva na arte brasileira”, no Museu de Arte Moderna até o dia 3 de abril. Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra traz cerca de 80 obras do acervo do museu.

Um dos núcleos aborda o concretismo em si, com obras de Alexandre Wolner, Lygia Pape, Lothar Charoux e Ivan Serpa, entre outros. Em contraposição, obras que usam a estética concretista com resultados distintos que subvertem a matriz, como a série de três vídeos “Repeat after reading” (2006), do venezuelano Mauricio Lupini, em que onomatopéias extraídas de três canções brasileiras da bossa-nova criam um jogo sonoro e visual que remete à poesia concreta.

Outro núcleo, corroborando a subervsão à lógica estrita, está a “Máquina curatorial” (2009), de Nicolás Guagnini, composta por quatro estruturas rotatórias, como portas, que servem à exibição de trabalhos de outros artistas, num trabalho de apropriação e de jogo de imagens na rotação, que se completa com a participação do público.

Nela, estarão expostas obras de León Ferrari, Mario Ishikawa, Paulo Bruscky e Regina Silveira realizadas nos anos 1960, com forte teor político. Ainda nesse nicho, a ortogonalidade (composição em linhas e colunas) do jornal é base para trabalhos como o inflável ”Templo” (2000), de Franklin Cassaro e os flans de Antonio Manuel, também políticos, exibidos pela primeira vez desde sua aquisição pelo museu, no ano passado.

Finalmente, os processos construtivos da economia informal são o foco do outro nicho, formado por obras como “Camelô” (1998), de Cildo Meireles, um bonequinho de 18cm que agita os braços (tração por fio e motor) junto às suas duas banquinhas de “produtos”; a série de fotos de carroceiros feitas por João Urban em 1999; e a instalação “Do universo do baile” (2008, também do comodato de Pedro Barbosa), de Mauricio Dias e Walter Riedweg, composta por 550 balanças verdes e amarelas que compõem um quadriculado no chão, e duas projeções, em uma das quais um travesti lê a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Confira algumas obras que farão parte da mostra

Por Redação