Sítio Burle Marx: um passeio necessário na Barra de Guaratiba

Um pedaço de paz dentro da cidade

Por: Gabriela Rassy

Daqueles passeios que poucos cariocas se aventuraram a fazer, o Sítio Burle Marx é uma parada obrigatória para quem ama natureza, arte e paisagismo. Nos 400 m² de área verde está concentrada uma das mais importantes coleções de plantas vivas existentes no mundo. Pode acreditar?

Quem vai até esse lugar lindo precisa de duas coisas essenciais: máquina fotográfica e repelente. Sério. Tomei umas 20 picadas durante o passeio, em especial na última descida. De resto, vai feliz. O espaço todo é muito bem cuidado e a guia sabe tudo de botânica e da vida e obra de Roberto Burle Marx.

O lugar serviu para guardar as espécies que o artista encontrava em suas viagens, além de ter servido para que ele fizesse testes de paisagismo. Logo na entrada, já dá para ver um pouco da ideia do artista para o jardim, bem diferente dos montados ao estilo francês – como a Praça Paris, na Glória. Por ali não tem linhas retas e bem delimitadas entre uma espécie e outra. Todas são plantadas de uma forma a misturar texturas e cores, tudo fluindo em movimento.

Cada época do ano dá para pegar alguma floração nova. Destaque para a área da capela, que tem um lago formado por pedras de demolição e com ninféias espalhadas pela água. Uma coisa! Além disso tem um totem que compõe o outro lado da construção e faz desse espaço um verdadeiro santuário. Outra espécie para admirar é o Eucalipto Arco-íris. Das árvores mais lindas que já vi na vida, com o caule em camadas coloridas.

Roberto era realmente um cara muito criativo e por lá dá para ver cada detalhe dessa qualidade. Tem pinturas dele espalhadas por diversos locais, desde paredes até quadros, lençóis, painéis, além de esculturas e objetos para a casa. Uma luminária incrível feita com plantas secas do próprio sítio é só uma das provas dessa criatividade toda. Formado em belas artes, ele ainda cantava ópera, tocava piano, falava 6 idiomas, cozinhava. Como bem disse a guia Mariana Murakami, quase um renascentista.

Quem tiver bons joelhos, pode voltar pela escadaria final que – apesar do ataque de pernilongos – dá uma vista lindíssima dos lagos. São muitos degraus, mas pra baixo diz que o santo ajuda, certo? Outra passagem que vale a pena é pelos dois sobrais, com plantas que precisam de sombra, como samambaias gigantescas.

Em um passeio de 1h30, que pode ser agendado às 9h30 ou às 13h30, dá para conhecer um pouco dos exemplares que Burle Marx reuniu, além de obras de arte, a capela fofíssima e a própria casa onde o artista viveu de 1973 até 1994. A entrada custa R$ 10 e o agendamento pode ser feito para visitas de terça a sábado pelo telefone 21 2410-1412 ou pelo email visitas.srbm@iphan.gov.br.

Para chegar lá tanto do centro quando da zona sul leva cerca de 1 hora de carro. Para ir de transporte público o trajeto chega a 1h30. O melhor ônibus é o 2334.