A poesia de Nelson Cavaquinho

A qualidade musical de Nelson Cavaquinho paira sobre a forma poética de suas letras, simples e ao mesmo tempo profundas. Entre todas as vertentes do samba, destacou-se com seus sambas-canções.

O gênero, que surge por volta de 1920 e se afirma na década de 1930, também era conhecido por “samba de meio de ano” porque continha ritmos e letras típicas das músicas de Carnaval. De caráter romântico, o samba-canção apresenta uma proposta poética ligada a questões existenciais e recheada de metáforas.

Diferente de muitos intérpretes e compositores, que se adaptaram às mudanças do mercado lidando com novos gêneros, Nelson manteve-se fiel ao estilo de sua preferência. Sem alterar a voz, como faziam os cantores de rádio, cantava com a voz rouca como falava e produzia seus sambas para si, apresentando-os em bares – não para os outros, vendendo-os na rádio ou em gravadoras.

Unindo o conteúdo de suas composições a uma melodia impecável, o poeta boêmio compôs cerca de 400 canções. Conheça algumas de suas obras que exemplificam as características marcantes que introduziu ao samba:

“Luz Negra” (1964), com Amâncio Cardoso

“Notícia” (1955), com Alcides Caminha e Nourival Bahia; “Dona Carola” (1963), com Nourival Bahia e Valto Feitosa Santos; “Caridade” (1954), com Hermínio do Vale; “Deus Não Me Esqueceu” (1969), com Ananias Silva e Armando Bispo; “Juízo Final” (1973), com Élcio Soares; “Garça” (1955), com Guilherme de Brito e “Quando Eu Me Chamar Saudade” (1973), com Guilherme também.