João Pernambuco, magia violinística do Nordeste

João Pernambuco foi um marco do violão no Brasil

Filho de índia caeté e de imigrante português, João Teixeira Guimarães nasceu em Jatobá, Pernambuco, em 1883. Desde criança, gostava de ouvir as cantorias e os violeiros do sertão. Tomando gosto pela música, dedilhava um violão quando era possível.

Ainda jovem, perdeu o pai e foi obrigado a mudar-se para Recife, trabalhando como ferreiro em extensas jornadas. Em 1902, mudou-se para o Rio de Janeiro. Lá, anos depois, tornou-se servente na prefeitura, sempre abraçado ao violão.

Compunha músicas e tocava temas com forte conteúdo regional. Agregador, ele passou a ser conhecido como João Pernambuco pelos chorões e seresteiros cariocas. Foi amigo de Donga, Quincas Laranjeiras, Satyro Bilhar, Meira, entre outros vários músicos. Tornou-se também um hábil tocador de viola.

Com o poeta cearense Catulo da Paixão escreveu a toada “Caboca de Caxangá”, cujo sucesso permitiu sua ida ao Ciclo de Conferências sobre Temas Folclóricos, organizado por Afonso Arinos de Mello Franco em São Paulo em 1915.

Organizou vários grupos com nomes e visual nordestinos para apresentações, como Trupe Sertaneja e Grupo Caxangá. Foi também integrante do conjunto Os Oito Batutas, com Pixinguinha. Em São Paulo, fez suas gravações mais importantes. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1947.

Ele é um marco indiscutível do violão brasileiro. “Luar do Sertão” e “Sons de Carrilhões” são dois de seus eternos clássicos. Disse certa vez o maestro e compositor Villa-Lobos: “Bach não se envergonharia em assinar os estudos de João Pernambuco como sendo seus…”.