Anticorpos de quem teve covid não protegem contra variantes

A variante Gama, anteriormente conhecida como P.1, por exemplo, é capaz de escapar desses anticorpos neutralizantes

Por: Agência Brasil

Não é porque uma pessoa teve covid-19 que ela está imune de ser novamente contaminada, especialmente pelas variantes do coronavírus em circulação. Um estudo internacional com participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que a variante Gama, anteriormente conhecida como P.1, originada no Brasil, é capaz de escapar dos anticorpos neutralizantes que são gerados pelo sistema imunológico a partir de uma infecção anterior com outras variantes do coronavírus.

Os pesquisadores destacam, no entanto, que os resultados foram obtidos in vitro, ou seja, em laboratório. Além disso, o estudo não inclui outros tipos de resposta imune do organismo, como imunidade celular. O trabalho foi publicado como artigo na revista científica The Lancet em 8 de julho.

Anticorpos de quem já teve covid-19 não protegem contra variantes
Créditos: DawidMarkiewicz/istock
Anticorpos de quem já teve covid-19 não protegem contra variantes

Foram analisadas amostras do plasma de pacientes que tiveram a doença, e também de pessoas imunizadas pela vacina CoronaVac. “A pesquisa mostra que pessoas que foram vacinadas ainda estão suscetíveis à infecção, se você tomou a vacina continue usando máscara, continue com distanciamento social, continue usando as medidas de higiene para evitar a transmissão para outras pessoas”, aconselha o pesquisador.

Ele lembra, no entanto, que a CoronaVac protege contra formas graves da doença, reduzindo internações e mortes, assim como outras vacinas.

“A vacina não é contra infecção, infecção pode acontecer a qualquer momento, com qualquer vacina, o objetivo da vacina é contra a doença, a forma grave, da pessoa morrer, ter sequelas graves.”

Outros estudos

O pesquisador citou outro estudo que analisou casos de covid-19 em idosos moradores de um convento e uma casa de repouso. Ele aponta que, embora os locais fossem pouco movimentados, o vírus entrou nessas moradias e infectou as pessoas com mais 70 anos que estavam vacinadas. “Mesmo com idade bem avançada quase todos foram assintomáticos ou com sintomas leves, não precisaram de hospitalização. Isso mostra a importância das vacinas.”

Sobre a variante Delta, Souza aponta que os estudos também vêm demonstrando a proteção contra formas mais graves da doença. “Mesmo locais com alta taxa de vacinação, por exemplo os Estados Unidos, em que hoje a Delta é a linhagem mais dominante, o número de mortes e hospitalizados não aumentou mesmo com a introdução dela.”