Cientistas definem sintomas que caracterizam covid longa em crianças

Entre os critérios que definem a condição, está a presença de sintomas que persistem por um período mínimo de 12 semanas

Um grupo formado por 120 médicos e pesquisadores do Reino Unido chegou ao consenso sobre os critérios que definem o diagnóstico de covid longa em crianças, condição caracterizada por sintomas de longo prazo.

Um dos artigos que traz a primeira definição sobre covid pós-aguda em crianças e jovens foi publicado na revista Archives of Disease in Childhood, do British Medical Journal.

De acordo com os autores, a caracterização complementa a proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para covid longa em adultos. “Se amplamente adotada, ajudará substancialmente a fortalecer a base de evidências dessa condição debilitante”, apontaram os autores.

Grupo de médicos e pesquisadores definem o que é covid longa em crianças
Créditos: FreshSplash/istock
Grupo de médicos e pesquisadores definem o que é covid longa em crianças

De acordo com a definição, pode-se considerar covid longa uma condição na qual uma criança ou um jovem apresenta sintomas (pelo menos um dos quais é um sintoma físico) que foram desenvolvidos após o diagnóstico da infecção por coronavírus.

Esses sintomas são impactantes em seu bem-estar físico, mental ou social e interferem em algum aspecto da vida diária (por exemplo, escola, trabalho, casa ou relacionamentos), além de persistirem por um período mínimo de 12 semanas após o teste inicial para covid-19.

Sintomas devem persistir por, no mínimo, 12 semanas
Créditos: aquaArts studio/istock
Sintomas devem persistir por, no mínimo, 12 semanas

“Esse trabalho é de extrema importância para os pacientes e pesquisadores, pois, sem dúvida, resultará em uma melhoria substancial de todos os futuros esforços de pesquisa sobre covid longa”, avaliou Daniel Munblit, professor do Imperial College London, que não participou do estudo.

“Na ausência de uma definição em consenso sobre covid longa em crianças, os pesquisadores estavam aplicando classificações muito diferentes nos estudos, o que não permitia que os dados fossem coletados e meta-analisados adequadamente. Esse problema, entre muitos outros, limitou nossa compreensão sobre a condição e retardou a pesquisa sobre o tema”, completou.

Maior estudo sobre o tema

Muitos dos estudos dedicados a analisar a covid longa em crianças foram feitos em pessoas hospitalizadas. Um dos maiores sobre o tema é o Children & Young People with Long Covid (CLoCk), realizado por pesquisadores do University College London Great Ormond Street Institute of Child Health.

O estudo recrutou 6.804 jovens de 11 a 17 anos no Reino Unido no início de 2021. Cerca de metade teve testes de PCR positivos para covid-19; a outra metade foi negativa e serviu como controle.

Três meses depois de serem testados, ambos os grupos preencheram um questionário perguntando quais sintomas eles estavam enfrentando. Ambos relataram alguns sintomas, mas aqueles que testaram positivo eram mais propensos a ter sintomas longos de covid do que aqueles com resultado de teste negativo – e eram quase duas vezes mais propensos a relatar três ou mais sintomas.

Entre as queixas comumente relatadas estavam cansaço, dor de cabeça e falta de ar. Sendo que alguns pacientes jovens apresentavam os três sintomas ao mesmo tempo. Em em alguns casos, também relatavam tontura.