Fiocruz defende lockdown nacional para conter covid-19

Para os pesquisadores, somente um fechamento geral de pelo menos 14 dias será capaz de frear a velocidade de disseminação da doença

O Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou que a situação da pandemia no Brasil no mês de abril deve permanecer em níveis críticos. O documento publicado na terça-feira, 6, destaca que o vírus Sars-CoV-2 e suas variantes estão em circulação intensa em todo o país.

Para os pesquisadores, somente um lockdown nacional de pelo menos 14 dias será capaz de frear a velocidade de disseminação da doença, aliviar a sobrecarga dos hospitais e evitar que este mês seja mais letal que março, que somou 66.868 óbitos por covid-19.

Fiocruz defende lockdown nacional para conter covid-19
Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
Fiocruz defende lockdown nacional para conter covid-19

Os especialistas defendem que as medidas de restrição precisam ser mais rigorosas para todos os estados, capitais e regiões que apresentem taxa de ocupação de leitos superior a 85% e tendência de elevação no número de casos e de mortes. O estudo destaca ainda a necessidade de convergência entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como nos diferentes níveis de governo (municipais, estaduais e federal).

“Coerência e convergência são fundamentais neste momento de crise para que as medidas de bloqueio sejam efetivamente adotadas de forma a sair do estado de colapso de saúde e progredir para uma etapa de medidas de mitigação da pandemia, diminuindo o número de mortes, casos e taxas de transmissão e efetivamente salvando vidas”, afirmam os pesquisadores.

Dentre as medidas de bloqueio propostas, estão:

  • Proibição de eventos presenciais, como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
  • Suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;
  • Toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana;
  • Fechamento das praias e bares;
  • Adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;
  • Instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual; a adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;
  • Ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos.

Os resultados da investigação apontam ainda que é fundamental insistir nos esforços para o fortalecimento da rede de serviços de saúde, incluindo os diferentes níveis de atenção e de vigilância, com ampla testagem, compra e ampliação da produção de vacinas, e aceleração da vacinação. “É imprescindível ainda garantir condições para que a população possa se manter em casa protegida, limitando a circulação de pessoas nas cidades apenas para a execução de atividades verdadeiramente essenciais”, orientam os pesquisadores.