Espaço Unibanco de Cinema promove o “Seminário de Cinefilia”

De 6 a 13 de maio o Espaço Unibanco de Cinema promove o “Seminário de Cinefilia”, com entrada Catraca Livre.

“Viajo porque preciso, volto porque te amo”, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz é o filme de pré-estreia que abre o evento.

O seminário exibe sete filmes, todos tendo o próprio cinema como assunto.

Nos dias 12 e 13, a mostra terá duas mesas de discussão com as presenças de personalidades do cinema brasileiro como Walter Salles, Carlos Reichenbach, Ismail Xavier, Inácio Araújo, entre outros.

Programação

6 de maio

19h –  pré-estreia do filme “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo” (2009), de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz.

O filme conta a história de José Renato, geólogo, 35 anos, enviado para realizar uma pesquisa de campo durante a qual terá que atravessar todo o Sertão, região semi-desértica, isolada, situada no Nordeste do Brasil. O objetivo de sua pesquisa é avaliar o possível percurso de um canal que será construído a partir do desvio das águas do único rio caudaloso da região.

No decorrer da viagem, nos damos conta que há algo de comum entre José Renato e os lugares por onde ele passa: o vazio, uma certa sensação de abandono, de isolamento. O desolamento da paisagem parece ecoar em José Renato e a viagem vai ficando cada vez mais difícil.

A pesquisa geológica vai sendo contaminada pela sensação de desamparo, pela saudade incessante da ex-mulher, por uma vontade de voltar pra casa. Mas ele decide ir em frente, seguir viagem, na esperança que a travessia transmute seus sentimentos. Assim como um astronauta depois de atravessar o espaço sideral, assim como um marinheiro depois de cruzar um oceano – para José Renato, nada mais será como antes.

7 de maio

19h – Entusiasmo (1930), de Dziga Vertov.

Primeiro filme sonoro de Vertov, uma elegia ao plano quinqüenal e à utopia socialista, que articula metáforas e alegorias da relação entre o homem e a máquina, a indústria e a sociedade, o trabalho e o lazer.

Versão montada pelo Gosfilmofond da União Soviética, arquivo de filmes construído sob a ordem do Governo Soviético em 1936-37. Para esta mostra, foi programada também a versão restaurada em 1973 pelo cineasta de vanguarda Peter Kubelka, que acertou (por um novo sincronismo) a relação entre imagem e som do filme de acordo com o ideal planejado por Dziga Vertov.

8 de maio

19h – Entusiasmo (1930), de Dziga Vertov (cópia restaurada em 1973 por Peter Kubelka – legendas em inglês).

Clássico do cinema revolucionário soviético sobre o plano qüinqüenal do final dos anos 20, é considerado uma obra-prima do filme documentário e de vanguarda. Venerado como marco do cinema, o filme caiu no esquecimento nos anos 30 e foi redescoberto pelo cinema experimental dos anos 60.

Foi restaurado pelo cineasta Peter Kubelka, que ressincronizou a banda sonora às imagens, permitindo a experiência daquilo que Vertov considerava uma nova linguagem sonora do cinema.

9 de maio

19h – Programa de Curtas

Das Ruínas a Rexistência (2007), Carlos Adriano

Montagem de fragmentos dos filmes desconhecidos e inacabados dirigidos entre 1961 e 1962 pelo poeta Décio Pignatari (1927).

Operários ao Sair da Fábrica (1995), de Harun Farocki

Filme de montagem de cenas de cem anos da história do cinema, que incluem variações do tema de um dos primeiros filmes dos irmãos Lumière (“A Saída dos Operários da Fábrica”, 1895), “copiados” ou “refilmados” em diferentes partes do mundo.

Cinema Paulista: Ovo de Codorna (1974), de Bernardo Vorobow

Ensaio sobre a interpenetração de cinema, boemia, marginalidade e prostituição no perímetro delimitado pelas ruas do Triunfo, Aurora, Vitória e arredores, a partir de uma investigação sobre o chamado Cinema da Boca-do-Lixo.

10 de maio

19h – O Estado das Coisas (1982), de Wim Wenders.

Durante as filmagens, um produtor desaparece com os negativos, deixando o diretor e sua equipe numa situação de angústia e procura. Uma meditação melancólica sobre o fim do cinema. Leão de Ouro no Festival de Veneza.

11 de maio

19h – Bipedalismo (2005), de Evgeny Yufit.

Com o dinheiro de um prêmio, um pintor compra uma casa em ruínas para transformá-la em estúdio. No jardim, seus filhos desenterram um tesouro inesperado, contendo rolos de filme, ossos de primatas, relatórios de pesquisa e fotografias.

Com a relíquia, o pintor busca a verdade sobre seu passado e de seu pai, figura central num programa de eugenia (cooptado pela polícia secreta da era soviética mais dura) cuja meta era recriar, em laboratório, as condições naturais que transformaram os ancestrais do homo sapiens. Mas o pintor terá que enfrentar ainda cientistas interessados em usar os experimentos de seu pai como terapia genética.

Filme inédito no Brasil do ousado cineasta russo criador do movimento “necro-realista”, que traduz ciência em pura forma de cinema (pela fotografia em preto e branco e pelos cortes da montagem, pela mediação em cena de dispositivos óticos, entre outros recursos).

12 de maio

19h – Cidadão Langlois (1995), de Edgardo Cozarinsky

Documentário sobre Henri Langlois (1914-1977), que dedicou sua vida a resgatar e exibir filmes esquecidos e defendia a programação de filmes como o ideal de preservação do cinema. Fundador da Cinemateca Francesa, Langlois é influência decisiva sobre a geração de cinéfilos que criaria a nouvelle vague.

20h30 – Seminário com as participações de Ismail Xavier e Walter Salles e mediação de Alcino Leite Neto.

13 de maio

19h – Os Catadores e A Catadora (2000), de Agnès Varda

Munida de uma pequena câmera digital, a diretora percorre seu país encontrando catadores e respigadores de diversas espécies. A partir de um quadro de Millet, este ensaio cinematográfico registra os ofícios de quem vive de recuperar detritos, sobras e restos descartados pela sociedade e de quem vive de resgatar imagens e sons dos deserdados. Pelo gesto do colher, uma elegia ao humanismo e ao cinema.

20h30: Seminário com as participações de Carlos Reichenbach e Inácio Araújo e mediação de Adhemar Oliveira.

Por Redação