Conheça os locais onde nasceram romances célebres

Por Heitor e Silvia, do site Viramundo e Mundovirado

Será que os cenários onde casais famosos se conheceram deixaram marcas no lugar? E, terão sido cúmplices dos encontros amorosos? Fomos conhecer cinco deles, do Rasa da Catarina a Roma, e podemos afirmar que merecem uma visita, não só pela sua beleza, mas porque há algo de misterioso naquele lugar que transformou toda a vida de ambos.

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Foto: Mariane Checon[/img]

Essa paixão viveu grandes momentos na Casa Azul, no bairro de Coyoacán, onde o casal morava, e hoje é um museu que mantém acesa sua história. Ver com os olhos deles os objetos do seu cotidiano, assim como os autorretratos de Frida, é conhecer um dos ângulos mais vibrantes da Cidade do México. No centro histórico, em um dos murais do Palácio Nacional, Diego representou Frida como uma deusa asteca. E na porta do estúdio dele, no bairro de San Angeles, Frida deixou escrito: “Diego mi amante, amigo, mi madre, y, Diego universo”.

Fellini e Giulietta – La Dolce Vita
A jovem talentosa atriz italiana Giulietta Masina (1921- 1994) foi escolhida para interpretar a protagonista de um seriado de rádio. E, era Federico Fellini (1920-1993), recém-chegado de Rimini, sua cidade natal, quem escrevia os roteiros, gags e piadas. Era o ano de 1943, e o cineasta recorda em seu livro de memórias “”Eu Fellini” que, impulsivo, a convidou para jantar em um famoso restaurante de Roma: “Anos mais tarde Giulietta confessou que colocara na bolsa um dinheiro adicional para o caso de eu não poder pagar a conta”. Em outubro do mesmo ano os dois se casam: ela, aos 22, ele com 23 anos.

Sua relação atravessou o tempo, e quando comemoraram 50 anos de casados Fellini redesenhou o convite original do casamento, trocando o ano de 1943 por 1993. Completava-se um longo ciclo de amor, pois no dia seguinte à festa, Federico morreu; Giulietta se iria cinco meses depois.


Pagu e Oswald – Amor anárquico
Conduzida pela coragem de abrir caminho para um Brasil moderno, Patrícia Galvão, Pagu, (1910-62) foi jornalista, escritora, desenhista, e militante política. Lutava contra o preconceito, as injustiças sociais e pela construção de uma cultura brasileira. Oswald de Andrade (1890-1954) então casado com a artista Tarsila do Amaral, já era escritor famoso quando conhece Pagu no Teatro Municipal em São Paulo. Na época poetas, escritores e artistas costumavam se reunir em salões da metrópole paulista, na praça da República e em almoços no Mappin Stores, onde discutiam movimentos embrionários da Semana de Arte Moderna de 1922.


Virgolino e Maria – Amor bravo
Natureza selvagem, rochas, serpentes venenosas e mandacarus. A história do cangaço faz pensar que nenhum outro par se casa tanto com a paisagem quanto Virgolino da Silva (1897-1938), vulgo Lampião, e Maria Bonita (1911-38). Conheceram-se no município de Paulo Afonso, Bahia, na humilde casa de taipa dos pais de Maria no sítio Malhada da Caiçara. Era uma sexta-feira. Lampião chegou e logo dispara: “Você sabe bordar?”

– Sei.

“Vou deixar uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar”, ele prometeu.

Não deu outra: pouco tempo depois eles fogem juntos, e em suas andanças percorreram o sertão de sete estados do nordeste, inclusive o Rasa da Catarina, um dos locais mais inóspitos do Brasil. Dançavam de ‘afofar o chão’ e, dengoso, ele criava modinhas dedicadas a Maria: “tu me ensina a fazê renda que eu te ensino a namorá”.


Elizabeth e Lota – Amor na contramão
Uma Rio de Janeiro, em plena efervescência de novas mentalidades, na década de 1940, foi cenário do romance entre duas mulheres nada convencionais: Elizabeth Bishop (1911-79) poetisa norte-americana, e a urbanista autodidata brasileira, Maria Carlota Costallat de Macedo Soares (1910-67).

Mas, esse relacionamento não é notório por ser um amor homossexual feminino, e sim pelo que o amor mudou na vida de duas pessoas. Nos quase 17 anos que viveram juntas, em cada uma parece ter aflorado o melhor: Lota teve a ideia de transformar um aterro cheio de entulhos provenientes da derrubada do Morro de Santo Antonio, no Parque do Flamengo, com ofertas culturais, esportistas e de lazer.  E os críticos consideram que o melhor da produção de Bishop se deu nos anos em que viveu com Lota no Brasil. Em 1956, ela recebeu a notícia que havia ganho o prêmio Pulitzer, e se consolidou como uma das mais importantes poetisas do século 20.