Isolado e paradisíaco, Fernando de Noronha também tem opções econômicas

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Esse pedaço de terra nada discreto com apenas 26 km², a pouco mais de 540 km de Recife, é daqueles destinos brasileiros capazes de colocar um sorriso fácil em quem acaba de desembarcar.

Faz a gente desacelerar o ritmo, paralisar diante de um dos cenários mais intocados do Brasil e até descer a profundidades pouco comuns a mergulhadores de primeira viagem.

Baía dos Porcos, em Fernando de Noronha (foto: Eduardo Vessoni)

Mas visitar o paraíso na Terra tem seu preço. E em Fernando de Noronha, os custos são bem altos, diga-se de passagem.

O litro da gasolina já chegou a R$ 5,40, a garrafa pequena de água custa R$ 5 nas atrações turísticas e uma diária em um hotel de luxo chega fácil aos dois mil reais.

Mas esse arquipélago a pouco mais de uma hora do continente é democrático, assim como as dezenas de praias e baías para todos os estilos de banhistas, e oferece opções para todos os bolsos.

É possível, sim, desembarcar naquelas terras exibidas sem estourar o orçamento. Para isso, o Viagem em Pauta voltou a Fernando de Noronha, recentemente, para encontrar os melhores preços para você conhecer, finalmente, um dos destinos mais cobiçados do litoral brasileiro.

[tab:Antes de ir]

Se tem um gasto que não vai dar para evitar é o pagamento de duas taxas cobradas dos visitantes.

A obrigatória Taxa de Preservação Ambiental (TPA) custa R$ 51,40 por dia e vai ficando salgada, a partir do 11º dia de viagem, de modo a desestimular permanências longas. Para agilizar seu desembarque no aeroporto, adiante o pagamento da taxa com antecedência no site.

A segunda taxa se refere ao ingresso ao Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha (R$ 81 para brasileiros e R$ 162 para estrangeiros), que é cobrada desde que a ilha passou a ser administrada pela concessionária Econoronha.

Embora seja opcional, o ingresso dá direito a acessar alguns dos cartões postais indispensáveis da ilha como as praias do Sancho e do Atalaia, a Baía dos Porcos e ao embarque nos barcos que partem do Porto de Santo Antonio.

Ou seja, já que você chegou até lá, não dá para economizar nesse quesito.

[tab:Quando ir]

Foto: Eduardo Vessoni

Entre maio e julho, os valores praticados na ilha costumam cair até 30%, porém estes são os meses com mais chance de chuva.

Setembro é conhecido como a temporada das águas calmas na ilha, onde o mar é mais convidativo para banho.

A época ideal para observação de desova de ovos de tartarugas vai de dezembro a agosto, com pico entre março e abril. E para quem quer surfar, a temporada perfeita vai de dezembro a março.

E uma última dica: se for para ficar menos de cinco dias na ilha, é melhor trocar sua viagem para outro destino. Definitivamente, Fernando de Noronha não é para viajantes apressados.

[tab:Passagens aéreas]

Vista parcial da pista do aeroporto de Fernando de Noronha (Foto: Eduardo Vessoni)

Com apenas duas companhias aéreas operando a partir de Natal e de Recife, o viajante não costuma encontrar muitas promoções de passagens até a ilha, exceto na chuvosa baixa temporada, de maio a julho.

Os preços tendem a ser menores também em voos saindo no meio do final de semana. Mas quem vai querer perder as festas regadas a forró no Bar do Cachorro, em pleno sábado, ou a MPB com hits brasileiros do Muzenza?

Antes de sair comprando bilhetes aéreos em promoção para Fernando de Noronha, confira primeiro a disponibilidade e os valores das diárias em pousadas. Afinal de contas não faz sentido economizar na viagem e ter que desembolsar altas tarifas em hotéis.

Os voos Recife-Noronha têm saídas diárias e são operados pela Gol e pela Azul. Já quem viaja a partir de Natal, capital do Rio Grande do Norte, conta apenas com uma opção de voo da Azul.

[tab:Hospedagem]

Foto: Divulgação

A ilha tem opções que vão desde casas de família até hotéis de luxo com o mar de Fernando de Noronha bem diante da janela do quarto (e uma dezena de outros mimos para viajantes com orçamento mais folgado).

Fora da rota dos estabelecimentos de alto padrão, viajantes com orçamento apertado contam com quartos alugados em residências familiares, cuja maior concentração fica em setores centrais como a Vila do 30, Floresta Nova e Floresta Velha (tudo a pouca distância da Vila dos Remédios e das praias mais populares).

Uma das opções é a Casa do Henrique (Vila do Rosário, 5 – Floresta Velha / tel.:(81) 99557-9048), a poucos metros das praias do Cachorro e da Conceição. Com diária a R$ 100 por pessoa, a casa conta com cozinha, dois quartos e banheiro.

Outras opções econômicas são a Pousada Golfinho (tel.: 81-3619.1837; R$ 200 com transfer do aeroporto incluído); Casa de Mirtes (tel.: 81-3619.1792; R$ 200); Pousada Tubarão (tel.: 81-3619-1391; R$ 250, o casal); Casa da Albertina (tel.: 81-3619.1990; R$ 290).

(*Os valores são para casal e foram cotados em setembro de 2015, podendo variar de acordo com a época do ano)

[tab:Transporte]

Foto: Zaira Matheus/Divulgação

Com o litro da gasolina a R$ 5,40 e aluguel diário a R$ 170, pense duas vezes antes de alugar um bugue, embora esta seja a opção mais recomendável para quem quer autonomia, durante a viagem.

Atualmente, a ilha conta com uma linha de ônibus (R$ 3,50) que vai da praia da Baía do Sueste até o Porto de Santo Antônio, com desvios na Vila do 30 e na praia do Bode.

Com frequência a cada 30 minutos, entre às 8h e às 23h, essa é uma opção econômica para quem passa pelo aeroporto, praia do Sancho e Mirante da Baía dos Porcos (20′ de caminhada), Fortinho do Boldró (caminhada de 5 minutos), praias do Bode e do Americano (15 minutos de caminhada); Cacimba do Padre (25′); praia do Boldró, Projeto Tamar e ICMBIO (20′); Floresta Velha e a Vila do 30 (onde se concentram mercados, quitandas e pousadas); Vila dos Remédios, de onde se tem acesso às praias da Conceição, do Meio, do Cachorro e o Centro Histórico); e, finalmente, o Porto Santo Antônio, com acesso ao Buraco da Raquel e da Air France.

Os mais aventureiros (e com preparo físico) podem alugar uma das bicicletas elétricas disponíveis nos centros de visitantes das praias do Sancho e do Sueste (R$ 25, a versão elétrica).

Embora apresente trechos com asfalto irregular e áreas de paralelepípedos, no centro histórico, vale a pena investir em roteiros independentes sobre duas rodas como a trilha que vai do Projeto Tamar até a praia do Boldró; ou pela BR-363, a pequena estrada de 7 km que liga a Praia do Sueste ao Porto de Santo Antônio.

[tab:dinheiro ou cartão]

Já foi o tempo em que era preciso viajar para Fernando de Noronha com dinheiro vivo na carteira. Atualmente, a ilha conta com bancos como Santander (Vila dos Remédios), Banco 24 h (Aeroporto e Projeto Tamar) e Bradesco (VIla do Trinta).

Estabelecimentos como hotéis, bares e restaurantes também oferecem a opção de pagamento com cartão de crédito.

Leve dinheiro apenas para as pequenas despesas em mercados ou refeições rápidas na rua.

[tab:Alimentação]

Bruschettas do restaurante O Pico, em Fernando de Noronha (Foto: Eduardo Vessoni)

De buffet por quilo à gastronomia molecular, Fernando de Noronha surpreende quem volta à ilha, décadas depois, quando as opções de gastronomia eram mínimas no destino.

Para economizar de verdade, faça suas refeições nos locais frequentados pelos próprios locais como o Restaurante do Jacaré, em frente ao Palácio São Miguel (tel.: 81- 3619.1947; de 2ª a sáb. das 12h às 14h; R$ 25, buffet livre); no Restaurante do Valdênio, na Vila do 30, onde o prato do dia com bebida custa R$ 25 por pessoa (tel.: 81-3619-1872); e no bem variado restaurante por quilo Flamboyant, na Vila dos Remédios (tel.; 81 – 3619.1510; diariamente, das 12h ás 17; R$ 52,90, o quilo).

Outra opção por quilo é o Empório São Miguel, com mesinhas do lado de fora sobre um deque de madeira, na praça Flamboyant, na Vila dos Remédios (tel.: 81 – 3619.1859; de 2ª a sábado, das 9h às 23h30, e dom. das 17h às 23h; R$ 52,90, o quilo).

Para dar mais charme a suas refeições sem estourar o orçamento, não deixe de incluir, ao menos, uma delas no cenográfico O Pico (www.opiconoronha.com.br), uma harmoniosa cozinha de pratos italianos, peruanos e orientais, cujo menu do dia (R$ 60) inclui uma entrada, principal e sobremesa.

E como eles não querem só comida mas também diversão e arte, segundo o slogan da casa, o espaço é conhecido pela lojinha com souvenirs nordestinos, xilogravuras do cordelista J. Borges à venda e um selecionadíssimo show de MPB ao vivo, aos domingos, das 20h às 23h.

E o que é melhor, dá pra conversar com o colega de mesa sem ter que disputar o som com os cantores. Música ambiente em bom (e baixo) tom, em um espaço lúdico decorado com fotos do fotógrafo francês Patrick Muller e com objetos expostos sobre caixotes de madeira, onde não é raro encontrar globais, no jantar.

Para refeições rápidas, vá ao trailer da Tapioca da Babalu (na Vila dos Remédios, ao lado do banco Santander; tel.: 81-98443.2069), onde as tapiocas bem servidas são feitas na hora; e ao trailer Maiskibon, localizado em frente à praça Flamboyant, cujos sanduíches bem recheados incluem opções com carne, frango, peixe e até hambúrguer de soja (a partir de R$ 15).

[tab:Passeios]

Por mais independente que for o viajante, a contratação de guias ou de serviços agências de turismo será obrigatória em casos como as atrações localizadas em áreas preservadas, declaradas parque nacional.

Se tiver que investir em um único roteiro, dê prioridade para o completo Ilha Tour (R$ 110, em média), passeio em carro 4×4 com duração de um dia inteiro e que passa pelos ícones da ilha como a praia do Sancho, Morro Dois Irmãos, Cacimba do Padre, Buraco da Raquel, mergulho no Sueste e entardecer no mirante do Fortinho de São Pedro.

Com praias de águas inocentes, em certas épocas do ano, o Mar de Dentro pode ser explorado de forma independente, a partir de trilhas que ligam o Boldró, as praias do Americano, do Bode, Quixabinha, Cacimba do Padre e Baía dos Porcos.

E você ainda corre o (delicioso) risco de ser o único banhista em faixas de areia menos populares como a praia do Bode.

[tab:Mergulho]

Foto: All Angle/Andreza dos Santos

Com visibilidade de até 50 metros de profundidade, águas com temperaturas médias de 27° e considerado um dos melhores endereços de mergulho do Brasil, Fernando de Noronha só parece completo quando visito lá debaixo.

Este talvez seja o melhor investimento que um visitante possa fazer no destino.

Mas não tem como escapar.

Submergir em um dos melhores destinos do mundo para a prática de mergulho tem seus custos, mas cada centavo será recompensado com uma fauna marinha que sempre dá as caras como tubarões, tartarugas, golfinhos, polvos, moreias e centenas de cardumes coloridos.

Para reduzir os gastos (e, de quebra, repetir a experiência) procure contratar mais de uma saída de mergulho em uma mesma agência.

Foto: All Angle/Tati Vasconcelos

Atlantis Divers, por exemplo, cobra R$ 420 para o batismo simples (+ R$ 35 do aluguel de roupa) e R$ 520 para o batismo duplo, incluindo traslado em barco até os pontos de mergulho nas Ilhas Secundárias, um instrutor por mergulhador, empréstimo de equipamentos e snacks a bordo.

“Mergulho na alma (com cilindro e pé-de-pato), em Noronha”

[tab:Aluguel de equipamento]

Para melhor aproveitar a diversidade marinha das piscinas naturais (e economizar), a dica é levar seu próprio equipamento de mergulho como máscara, snorkel e pé-de-pato.

Verifique também se seu hotel não conta com cadeiras e guarda-sóis disponíveis para hóspedes.

Só para se ter uma ideia, o aluguel de guarda-sol na praia da Cacimba do Padre custa R$ 20, além dos R$ 10 para cada cadeira emprestada. Já o aluguel de colete e máscara, itens obrigatórios para flutuação nas piscinas naturais, custam R$ 20 por pessoa.