O verão gelado da Patagônia

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Não vai achando que você vai ficar com as manguinhas de fora só porque é verão na Patagônia.

Como qualquer destino austral, essa região gelada entre o Chile e a Argentina é (menos) fria durante o verão na América do Sul. E é para lá que vão os aventureiros de orçamento cauteloso, dispostos a encarar atividades como caiaques entre geleiras, superlotadas colônias de pinguins, trilhas no gelo e até pinturas rupestres.

Na Argentina, encontra-se a Patagônia mais acessível e com preços mais camaradas para bolsos apertados (ainda que costumem ser mais elevados com relação ao restante do país, devido às distâncias e isolamento do destino). Porém, o Chile guarda a versão mais selvagem e exótica da Patagônia.

Serviços como transporte e diversidade de tours tendem a ser melhores na Patagônia argentina, mas é no Chile que a fauna é mais exibida e pode surpreender viajantes até mesmo na estrada ou no quintal do hotel.

Seja qual lado você escolher, as duas versões da Patagônia, um dos melhores cartões postais do continente, são garantias de encontrar vida selvagem exibida, ver cenários selvagens que fazem o visitante se sentir o único ser humano por ali e protagonizar uma das viagens mais fascinantes em todo o continente sul-americano.

Patagônia argentina ou chilena? Saiba quais são as diferenças e programe-se

 
 
Foto: Ente Oficial de Turismo Patagonia Argentina
E é frio no verão?
Sim, é frio no verão e não se espante se, em pleno janeiro, pequenas gotas de neve caírem sobre as ruas do Ushuaia.Tudo depende de onde você vai. Afinal de contas, só no lado argentino a Patagônia cobre uma área de mais de 930 mil km² e abriga uma grande variedade de climas e temperaturas.Na região das cordilheiras, por exemplo, o verão é fresco, cuja temperatura média anual varia entre 8º e 10º, diminuindo conforme o viajante for seguindo rumo ao sul da Patagônia.

Prepare-se também para o mau humor patagônico, onde é possível ter sol, chuva, garoa, vento, tempo nublado, céu claro e neve, tudo em questões de horas. Por outro lado, o verão por ali é conhecido pelos dias mais longos, podendo chegar a 17 horas de luz

E para cada estilo de viajante, tem atrações específicas. Confira atrações:

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Glacial Perito Moreno: Esse glacial a 80 km de El Calafate, na Patagônia argentina, é um dos cartões-postais mais famosos dessa região austral. Com cinco quilômetros de frente e com paredões gelados que chegam a 60 metros de altura, essa atração tem motivo de sobra para se exibir: dá para vê-la do alto de passarelas de madeira, em caminhadas sobre o gelo e a bordo de embarcações que seguem até bem próximo de sua base, no Lago Argentino.

Punta Tombo (foto: Eduardo Vessoni)

Pinguins: Entre setembro e abril, a maior colônia continental de pinguins de Magalhães se transforma em um dos atrativos mais visitados da Patagônia. Punta Tombo, na Argentina, é uma área natural protegida, localizada às margens do oceano Atlântico, e funciona como habitat anual para a reprodução dessas aves.

Anualmene, 500 mil pinguins desembarcam por ali para cuidarem de seus ninhos e criação dos recém nascidos. SAIBA MAIS

Torres del Paine: Conhecido pelos rochosos maciços de granito, esse parque nacional está a 100 km de Puerto Natales, no Chile, e é procurado por amantes de caminhadas, cujas opções vão de trilhas curtas até o clássico percurso W, circuito de 71 km e 5 dias de duração.

Vista do terraço do Tierra Patagonia, hotel com vistas para Torres del Paine (foto: Morten Andersen/Divulgação)

Laguna San Rafael: Esse é outro clássico patagônico do Chile, cujo acesso aquático se dá, a partir de Puerto Chacabuco, a 79 km de Coyhaique. Declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO, essa região de quase 2 milhões de hectares é recortada por canais e imensos blocos de gelo que podem ser vistos dos botes que se aproximam a poucos metros das geleiras.

Hotel na Patagônia chilena tem quartos com vista para Torres del Paine

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Carretera Austral: Via de acesso entre Puerto Montt, na Região dos Lagos, e Villa O’Higgins, na Patagônia chilena, essa estrada tem 1.240 km de extensão e é um dos cenários mais impressionantes de todo o território chileno, onde o aventureiro chega à região a bordo de carros 4×2, preferencialmente, e visita destinos como a pitoresca Puyuhuapi, as impressionantes formações geológicas da Capilla de Mármol (Puerto Tranquilo), e a distante e misteriosa Caleta Tortel, cidade austral interligada por passarelas de cipreste, onde carros têm acesso proibido.

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El Chaltén: Considerado a “capital nacional do trekking”, esse minúsculo destino de apenas 200 habitantes, segundo dados oficiais da Província de Santa Cruz, abriga trilhas com diferentes graus de dificuldade que variam de 40 minutos (Miradores Los Cóndores y Las Águilas) a 5 horas (Laguna De los Tres). E o que é melhor: são autoguiadas e de graça!!!

 
 
Trilha Laguna de los Tres, em El Chaltén, com vista para o Fitz Roy (foto: Eduardo Vessoni)

Trekking no Perito Moreno: Uma caminhada sobre o Perito Moreno, no Parque Nacional Los Glaciares, é uma das experiências únicas que acontecem neste atrativo natural, a 80 km de El Calafate. De agosto a maio, é possível fazer o mini trekking que inclui uma caminhada moderada de duas horas às margens do Lago Rico, em direção ao paredão sul do glacial. De setembro a abril, o Big Trekking leva os mais intrépidos para uma caminhada de quase 4 horas. SAIBA MAIS

Caiaque em icebergs: A região da Patagônia argentina oferece atividades inusitadas como a prática de caiaques pelos icebergs do Parque Nacional Los Glaciares. Considerada única no mundo, a experiência acontece no canal Upsala, um passeio que inclui navegação pelo Lago Argentino, capacitação dos procedimentos de segurança, desembarque em praias locais e remadas por duas horas, entre imensos blocos de gelo que se desprendem da geleira.

(foto: calafatemountainpark.com/Divulgação)

Patagônia argentina tem passeios de caiaque em icebergs

Península Valdés: Localizado na província argentina de Chubut, próximo a Puerto Pirámides, esse Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO se encontra diante do Atlântico e abriga uma área de 4 mil km² de área protegida que serve como habitat para baleias-franca-austral, orcas, lobos e elefantes marinhos, pinguins de Magallães e diversos tipos de aves que habitam a Isla de los Pájaros, a 800 metros da costa, como flamingos, garças, gaivotas e o cormorão.

Ruta 40: Construída a partir de 1935, a maior estrada da Argentina possui cinco mil quilômetros de extensão, unindo Río Gallegos, no sul do país, e La Quiaca, na fronteira com a Bolívia. Embora ainda apresente trechos intransitáveis ou possíveis apenas a bordo de carros 4×4, a Ruta 40 é cenário de um dos mais inusitados roteiros em terras argentinas como a viagem de três dias entre Bariloche e El Chaltén, a 1.500 quilômetros de distância. SAIBA MAIS

Ruta 40 (foto: Eduardo Vessoni)

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Fiordes do Chile: Navegando pelos gelados canais e fiordes da Patagônia, um navio sem luxos faz sucesso há mais de 50 anos. A paisagem é motivo suficiente para atrair, durante o ano inteiro, um grupo exclusivo de viajantes, nesse roteiro que inclui imensas montanhas nevadas, glaciais, observação de animais marinhos e um visual único do território do Chile, durante o percurso de 1.500 km, até Porto Montt.

Pelos fiordes austrais do Chile

Ushuaia: Chegar no Fim do Mundo, como é conhecida a cidade mais austral do planeta, a mais de três mil quilômetros de Buenos Aires, já é motivo suficiente para conhecer o destino. Centros de esqui, navegações pelo Canal de Beagle para ver fauna marinha, passeios em trenós puxados por huskies e visitas a museus como o impressionante Museo Penitenciario são algumas das opções.

Farol do Fim do Mundo, no Canal de Beagle, Ushuaia (foto: Nestor Galina/Flickr-Creative Commons)

Museu do gelo: Localizado em El Calafate, na província de Santa Cruz, o Glaciarium é um espaço dedicado à divulgação do gelo patagônico e seus glaciares. Inaugurado em 2011, o local oferece atividades de entretenimento e de cultura em uma área de 2.500 m² equipada com uma estrutura com efeitos cênicos, programas multimídia e apresentações audiovisuais. SAIBA MAIS: Museu argentino homenageia o gelo e glaciares

Cueva de las Manos: Essas pinturas rupestres de mais de nove mil anos são o destaque dessa caverna localizada em um cânion do Rio Pinturas, próximo às cidades de Perito Moreno e El Calafate, cujos acessos se dão pela mítica Ruta 40. SAIBA MAIS

Cueva de las Manos (foto: Lisa Weichel/Flickr-Creative Commons)

As 8 melhores atrações na Patagônia argentina