Viajar depois dos 60: Colunas da gratidão da Europa

Hoje, vivendo o tempo do coronavírus (covid-19) é fácil entender o sentido das “Colunas da Peste”

Quem já andou pela Europa Central certamente deu de cara com algumas Colunas da Santíssima Trindade, também chamadas de “Colunas da Peste” presentes em diversos países, geralmente dispostas na praça central das cidades. Quando o tour passa por elas os guias explicam que aqueles monumentos, geralmente ricamente esculpidos – -a maioria obras barrocas– foram erguidos em agradecimento ao fim da peste X ou Y.

Coluna da Santíssima Trindade de Olomuc, na República Tcheca, é a mais linda de todas
Créditos: walencienne/iStock
Coluna da Santíssima Trindade de Olomuc, na República Tcheca, é a mais linda de todas

Passei por vários delas, maiores ou menores, em Viena e Linz, na Áustria, em Budapeste, próximo à igreja de São Matias, no alto de Buda, na capital húngara, em Praga e em Olomuc, na região da Morávia, também na República Tcheca. Esta, de Olomuc, a mais linda de todas, um excepcional monumento do auge do barroco, tão grande que sua base até abriga uma capela e é a única inscrita individualmente, na lista dos Patrimônios da Humanidade da Unesco.



Observei esses monumentos dos séculos 17 e 18 cheios de volutas, anjos, santos entre nuvens de mármore, pedra e cobre em diversos momentos e aqui, confesso, nunca dei muita atenção às razões de eles existirem.

Foi o fim de diferentes pestes como a de 1679 na Áustria ou de 1714-16, na Morávia, que levaram aqueles povos a erguer os monumentos em agradecimento aos céus. Pestes, pensava ao ver as colunas, eram resultado da falta de higiene e da ignorância. Sim, pode até ser, mas aqui cabe um mea-culpa.

A ‘coluna da peste’ de Budapeste, próximo à igreja de São Matias
Créditos: AleksandarGeorgiev/iStock
A ‘coluna da peste’ de Budapeste, próximo à igreja de São Matias

Hoje, vivendo o tempo do coronavírus (covid-19) é fácil entender o sentido daquelas colunas que celebravam o fim de uma desgraça, num tempo em que os recursos da medicina eram tão precários. Hoje, nem toda tecnologia e o progresso da ciência disponíveis diminui a incerteza da Humanidade, toda ela atingida por esse novo vírus que ameaça a saúde de todos, que devasta a economia, que afeta a cada um de nós, de todas as raças, credos, idades e gênero. O que pensar, então de alguém vivendo naquela época?

Quando tudo isso passar e eu voltar a ver uma dessas colunas, (assim espero!) será com outros olhos. Tenho certeza!!

A jornalista Mariuccia Ancona Lopez compartilha dicas sobre viajar depois dos 60 no blog Tempo de Viajar

Créditos: Arte/CatracaLivre