Uma comunidade sustentável de casas na árvore na Costa Rica
A idéia era chegar ao país por San Jose, alugar um carro e dirigir até a Playa Hermosa, uma praia de areia preta conhecida pelas ondas – próxima a Jacó –e depois seguir rumo ao sul.
A Costa Rica é muito conhecida por suas praias e muito visitada por surfistas vindos de toda parte do mundo. Um dos países de maior biodiversidade do mundo, com vulcões ativos, florestas, pântanos, chuvas, manguezais e praias intocadas nas costas do Pacífico e Atlântico. Porém a maioria dos turistas se concentram na região norte do país.
Saindo da Playa Hermosa, a medida que dirigi ao sul tudo ia ficando mais tranquilo e a vegetação se tornando mais fechada e mais verde. A única referência que tinha para chegar na Finca Bellavista é que era próxima a pequena cidade de Golfito, pois a equipe da Finca só envia instruções detalhadas um dia antes da data da reserva, ou melhor, horas antes pois até o momento que saí do hotel não havia recebido nenhum e-mail.
Após 3 horas dirigindo, resolvi parar e perguntar a um senhor, que com seus prováveis 70, 80 anos abriu um sorriso gigantesco e falou num espanhol que, dentre as palavras, entendi apenas: Finca Bellavista! E pude ver a grande satisfação no rosto daquele ser encantador: a comunidade é muito respeitada na região, pois ajuda a população local com carinho.
Seguindo a estrada de terra finalmente avistei um portão de madeira e fui recebida por Kelly, uma inglesa e Daniel, australiano. Ambos trabalhavam como voluntários por ali.
A medida que fui entrando e sendo apresentada a cada uma das 9 casas na árvores, tive idéia da proporção de tudo aquilo que havia visto no site. Um terreno gigante, de forma que as casas na árvore ficam distantes umas das outras, dando privacidade e a sensação que, por um segundo, você está ali sozinho.
Mis Ojos foi a casa escolhida, 20 minutos de trilha da área comum da Finca até a casa na árvore, com devidas botas de borracha para proteger de bichos e principalmente cobras, afinal estamos no meio da floresta! Quando cheguei meus olhos mal podiam acreditar que tudo aquilo era real. Aquela casa suspensa na árvore, sob uma cachoeira e impecavelmente decorada com toda a simplicidade que uma casa na árvore deve ter.
Estar numa lugar como esse definitivamente coloca nossa cabeça num estado de questionamento incrível, principalmente quando faz parte da história de um casal, que abandonou sua vida confortável nos Estados Unidos e tornou um grande sonho realidade. E a troca de experiências com os voluntário, cada pessoa que trabalha ali, cada um de uma parte do mundo, com suas histórias, suas razões de estarem ali buscando algo maior.
A experiência é única, é possível relaxar com uma massagem ao ar livre em frente a cachoeira, fazer práticas de yoga, tiroleza entre as casas na árvore, trilhas, cursos de culinária vegetariana com produtos frescos colhidos na própria horta da Finca, ou para os mais curiosos como eu, alimentar as galinhas e recolher seus ovos. Tudo é uma questão de estar aberto para aproveitar da melhor forma possível!
De lá, segui rumo extremo sul até Pavones, onde passei 3 dias.
Na memória ficam lembranças de dias de paz, a natureza que preenche todos os vazios, a certeza que voltarei em breve e que a simplicidade é o caminho que sustenta a leveza da vida!
Fotos: Bruna Toledo