Ilha Fiscal: símbolo dos últimos dias do Império no Rio

Aberto à visitação, o palacete da Ilha Fiscal é uma excelente opção de passeio para o final de semana

Sábado - Domingo

Às 12h30, às 14h e às 15h30. O Espaço Cultural da Marinha funciona de quinta a domingo e feriados, mas a visita à Ilha Fiscal acontece somente aos sábados, domingos e feriados.

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

R$ 36 (inteira); R$ 18 (meia-entrada)

Cenário do evento que ficou conhecido como “O Último Baile do Império”, realizado alguns dias antes da Proclamação da República, a Ilha Fiscal continua sendo um elo entre o presente e o passado.

Transferida para a Marinha pelo Ministério da Fazenda, em 1913, a Ilha é hoje parte do Complexo Cultural do Serviço de Documentação da Marinha (DPHDM).

Décadas se passaram e o castelinho, como é chamado por muitos, que testemunhou tantos fatos históricos, é hoje uma das principais atrações turísticas do Rio de Janeiro
Créditos: divulgação
Décadas se passaram e o castelinho, como é chamado por muitos, que testemunhou tantos fatos históricos, é hoje uma das principais atrações turísticas do Rio de Janeiro

O passeio até à Ilha é realizado com a escuna Nogueira da Gama e dura cerca de 10 minutos (em caso de mau tempo, o trajeto é feito de van).

O espaço fica aberto de quinta a domingo, mas a visita à Ilha Fiscal acontece apenas aos sábados, domingos e feriados em três horários: às 12h30, às 14h e às 15h30. A visita dura cerca de duas horas, contando com o trajeto, e o ingresso custa até R$ 36.

A bilheteria e o local de embarque para a escura ficam no Espaço Cultural da Marinha (ECM), localizado no Boulevard Olímpico, próximo à Pira Olímpica. Compre seu ingresso antecipadamente aqui.

Palacete da Ilha

Projetado por Adolpho Del Vecchio, o castelinho, como é chamado por muitos, o palacete verde-jade da Ilha Fiscal foi inspirado no estilo gótico das construções francesas do século 14.

Projetado pelo engenheiro Adolpho Del Vecchio, logo adquiriu fama pela novidade arquitetônica e pelo requinte de sua cantaria e vitrais
Créditos: divulgação
Projetado pelo engenheiro Adolpho Del Vecchio, logo adquiriu fama pela novidade arquitetônica e pelo requinte de sua cantaria e vitrais

Inaugurado em 1889, a construção logo caiu na boca do povo por conta da sua arquitetura e pelo requinte de sua cantaria. Pra quem não sabe, cantaria é uma técnica desenvolvida pelos portugueses para o polimento das pedras.

Como o palacete da Ilha Fiscal foi construído com pedras gnaisse, retiradas do Morro do Pasmado na Urca, muitos detalhes foram esculpidos por meio dessa técnica nos adornos do prédio.

A precisão e riqueza dos detalhes são realmente impressionantes! O brasão do Império, localizado na entrada principal do prédio é surreal de bonito. Só vendo de perto pra entender.

A perfeição do acabamento em cantaria é um dos aspectos mais interessantes da Ilha Fiscal.

Em cantaria, também foram esculpidas, com muita precisão e riqueza nos detalhes, as armas imperiais, sustentadas por dragões e ladeadas pelos grifos da casa de Bragança
Créditos: divulgação
Em cantaria, também foram esculpidas, com muita precisão e riqueza nos detalhes, as armas imperiais, sustentadas por dragões e ladeadas pelos grifos da casa de Bragança

Mas apesar da sua importância, a simplicidade domina a área interna do castelo. Lá dentro, as paredes foram pintadas numa só cor e os pisos revestidos com tábua corrida.

O que se destaca mesmo na visita à Ilha Fiscal são o Torreão e a Sala do Cerimonial.

Torreão da Ilha Fiscal

O Torreão, pra você ter noção, tem um piso de mosaico feito com 14 tipos de madeiras nobres brasileiras, além dos vitrais e trabalhos em cantaria com as colunas, arcos, florões e símbolos imperiais.

Inclusive, os vitrais de toda a Ilha Fiscal são importados da Inglaterra e coloridos a fogo, isso mesmo! Todos compõem os vãos de portas e janelas com emblemas e figuras em estilo gótico.

Envoltos em artísticas molduras em cantaria, os vitrais dão ao ambiente a austeridade de uma catedral
Créditos: divulgação
Envoltos em artísticas molduras em cantaria, os vitrais dão ao ambiente a austeridade de uma catedral

Tem até um vitral estampando o Imperador Dom Pedro II, com o monarca vestindo o mesmo uniforme de Almirante que, ironicamente, usaria no “Último Baile do Império”.

Voltando ao Torreão, o acesso até ele é feito por meio de uma escada de pedra de 38 degraus em forma de caracol.

O teto de lá foi pintado na cor azul celeste para simbolizar o céu do Brasil. Nele, 16 estrelas douradas representam as províncias na época da construção do prédio. De lá pra cá, aumentamos um pouco esse número, né?

Sala do Cerimonial

A Ala do Cerimonial é composta por uma sala de estar e uma sala de jantar. A decoração é uma mistura de elementos do final do século 19 e dos anos 1930, mas ambas no estilo neogótico.

As cortinas, por exemplo, seguem a decoração da época do Império e trazem a cor verde numa referência à Casa de Bragança.

A Ala do Cerimonial é composta por uma sala de estar e uma sala de jantar
Créditos: Ivo Gonzalez / Agência O Globo
A Ala do Cerimonial é composta por uma sala de estar e uma sala de jantar

Já o mobiliário, fabricado em São João del-Rei (MG), em 1999, respeita o mobiliário do Torreão, que é da década de 1930.

A louça apresentada na mesa de jantar é de fabricação recente e os talheres pertenceram ao Encouraçado São Paulo, navio que participou das duas guerras mundiais. Quanta história em um só lugar, né?!

Relógio da Torre

E tem mais! No alto da torre, marcando as horas com precisão, encontra-se uma outra visão deslumbrante do passeio: o relógio de quatro faces construído na Alemanha.

Seu mecanismo, que recebe corda duas vezes por semana, funciona perfeitamente até hoje. Acredita?!

Os ponteiros do relógio da torre são visíveis de qualquer parte do ancoradouro
Créditos: divulgação
Os ponteiros do relógio da torre são visíveis de qualquer parte do ancoradouro

Ele foi implantado na torre do palacete para que as quatro faces, com ponteiros de 1,8 metros, permitissem aos comandantes dos navios no porto acertarem os seus cronômetros a qualquer hora do dia, independentemente do sinal de meio-dia .

Um detalhe engraçado ali na torre do relógio é o para-raios do prédio. Seus elementos do circuito se confundem com peças de arte, incluindo o próprio para-raios!

Ele foi emperiquitado com florões e possui uma esfera armilar (símbolo do Império português), de onde parte a agulha.

Dica extra para o passeio

Como o passeio pela Ilha Fiscal é bem rápido, que tal dar um rolé marítimo pela Baía de Guanabara?

Esse passeio é um dos mais belos do Rio de Janeiro e permite que você veja – e se encante – com os principais pontos turísticos e históricos da cidade da Cidade Maravilhosa.

O roteiro desse passeio passa pelos seguintes pontos:

1. Espaço Cultural da Marinha
2. Estação das Barcas
3. Aeroporto Santos-Dumont
4. Escola Naval
5. Aterro do Flamengo
6. Pão de Açúcar
7. Fortaleza de São João
8. Ilha da Laje
9. Fortaleza de Santa Cruz
10 . Museu de Arte Contemporânea
11. Ilha de Boa Viagem
12. Niterói
13. Diretoria de Hidrografia e Navegação
14. Ponte Rio-Niterói
15. Ilha das Enxadas
16. Ilha Fiscal
17. Ilha das Cobras

Construído na Inglaterra, em 1910, por encomenda do Governo brasileiro, o Laurindo Pitta participou, em 1918, da Primeira Guerra Mundial, em tarefas de apoio. Hoje ele está em manutenção e não faz o Passeio Marítimo pela Baía de Guanabara
Créditos: divulgação
Construído na Inglaterra, em 1910, por encomenda do Governo brasileiro, o Laurindo Pitta participou, em 1918, da Primeira Guerra Mundial, em tarefas de apoio. Hoje ele está em manutenção e não faz o Passeio Marítimo pela Baía de Guanabara

O barco que faz todo o trajeto é Rei Tomás ou o Bahia de Guanabara. Normalmente, esse rolé é feito pelo Rebocador Laurindo Pitta, um navio-museu, mas que no momento está em manutenção.

O ingresso do passeio pode ser comprado na mesma bilheteria da Ilha Fiscal, ali no Espaço Cultural da Marinha (ECM), localizado no Boulevard Olímpico, próximo à Pira Olímpica. O preço dele também é de até R$ 36.

A embarcação sai em dois horários: às 13h15 e às 15h, e o trajeto dura cerca de 1h30.