Moradores de Perus lutam para transformar antiga fábrica em centro cultural

30/04/2014 17:28 / Atualizado em 04/05/2020 14:32

Foram sete anos de greve, muitas conquistas e marcas profundas na história do bairro de Perus, na zona norte de São Paulo. A Fábrica de Cimento que se instalou na região em 1926 foi a primeira do setor a chegar ao Brasil e foi palco de lutas históricas por direitos trabalhistas no Brasil. Após encerrar suas atividades, em 1987, o local ficou completamente abandonado.

A greve se estendeu durante a ditadura militar, entre 1962 e 1969. Apesar dos avanços conquistados pela mobilização, a ideia de transformar a fábrica em um centro cultural, já presente naqueles tempos, continua sendo um motivo de luta até hoje.

O Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Perus foi estruturado formalmente em 2013. É um coletivo que reúne moradores e lideranças do bairro que querem transformar o espaço em um centro de lazer, cultura e memória do trabalhador e criar ali uma universidade livre.

Jéssica Moreira, que participa do Movimento e escreveu o livro “Queixadas- por trás dos 7 anos de greve”  em parceira com Larissa Gould, afirma que o Dia do Trabalho, comemorado no dia 1 de maio, é uma data importante para celebrar as vitórias conquistadas pelos operários de Perus e também refletir sobre os desafios neste novo contexto. “Eles lutaram a partir de um conceito que não pregava a violência na época da ditadura militar e conseguiram aumentos salariais, abonos e salário-família, uma conquista pioneira dos queixadas [como são chamados os trabalhadores que se mantiveram em greve]”.

O Movimento pela Reapropriação está preparando uma ação no dia 31 de maio, em frente à Fábrica de Cimento. O ato terá como objetivo resgatar a memória do local e trazer os artistas locais para a pauta de reivindicações.Veja mais informações no site do coletivo.

Confira ainda o vídeo com a história da Fábrica e do Movimento pela Reapropriação feito pelo Sampa Criativa.