Varal de literatura: passageira faz contos no ônibus

Confira a história de Daisy Fonseca. Ela é uma passageira que escreveu diversos contos entre uma viagem e outra pelos ônibus da cidade de São Paulo. Há ainda trechos do diário de prisão de Jaques Chulam, um paulistano, ex-estudante de engenharia, cujo maior prazer era surfar no Havaí.

Daisy Fonseca já tinha 45 anos quando, enfim, conseguiu tirar sua carteira de motorista. Não adiantou. Naquele mesmo ano, seu marido morreu e as finanças familiares entraram em crise. Nunca teve carro.

Preferiu andar sempre de ônibus, onde, entre as várias paradas, descobriu uma inspiração literária. Sentia-se dentro de um cenário, formado invariavelmente por duas fileiras de bancos, um corredor central, duas portas e muitas janelas por testemunhas, tudo isso carregando seus personagens.

“As histórias vão se desenrolando nesse palco improvisado. Alguém, por ordem de não sei qual diretor, dá a partida na cena, puxando a ponta do fio de um imenso novelo de emoções”, relata Daisy, agora com 84 anos e inveterada passageira.

Foi nesse cenário que ouviu frases duras do tipo: “Como é? Vai subir ou não? Mexe essas pernas, ô coroa”.

Ou cenas como um bilhete deixado por um anônimo para uma mulher que, mão cobrindo o rosto, chorava: “Se você continuar a chorar, suas lágrimas não vão permitir que você veja as estrelas”.

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Varal de literatura:Surfista, ex-drogado, ex-traficante

Capítulos de livros recém-lançados

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Trecho do texto publicado originalmente no caderno Cotidiano da Folha e S. Paulo.

Confira um trecho do livro de Daisy Fonseca

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