Para Dançar e Pensar: Nhocuné Soul

No Estação Catraca deste domingo, 7, a Nhocuné Soul tocará músicas inéditas do terceiro álbum, ainda sem nome, mas  previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano. Além de canções apresentadas nos últimos shows.

Em 1996, Renato Gama reconheceu no show de Fernanda Abreu uma mistura de samba rock nunca antes escutado por ele.  O estilo o inspirou a se dedicar na formação de uma banda. Na faculdade fez amizades e decidiu criar  “Clã”, banda que, mais tarde, passou a ser conhecida por Nhocuné Soul.

O nome é uma homenagem a Vila Nhocuné, localizada na zona leste de São Paulo, antiga moradia de escravos. A palavra nhocuné é um residual da expressão “sinhô coroné” .  “Na década de 80 e 90 a vila tinha alto índice de criminalidade e a intenção era trazer autoestima para as pessoas que ali moram, por isso decidimos batizar o grupo de Nhocuné Soul”, define Renato Gama compositor e vocalista.

Para Renato, o som do Nhocuné Soul  não assume um tom de ataque por serem da periferia e falar da realidade. “É um som para valorização do ser humano”, comenta Renato.  “Minha militância é por uma vida mais digna. A gente tem que entender de onde vem o problema”, coloca.

Benito de Paula, Itamar Assumpção são músicos que influenciaram a produção de suas músicas. Assim como nomes da Black Music da década de 1970, como Gerson King Combo, Tim Maia, entre outros.

“Éramos calcados na MPB mais tradicional, fomos nos transformando mais num ritmo  samba rock. Trago na letra a experiência de vida e a crítica da realidade social como questões de moradia e relação entre periferia e centro. Mas, toco também em temas universais como amor e esperança”, define Renato Gama, vocalista e compositor do grupo.

Em 1998, lançaram a demo “Cabeça de Nego”, uma mistura de gêneros entre o samba, rock, funk e rap, em que o grupo contava com um som mais improvisado, no estilo jam-sessions. Em 2003, foi o ano em que a banda lançou seu primeiro álbum “Samba Rap Periférico” e contou com participações especiais como a do sambista Oswaldinho da Cuíca, Anelis Assumpção e da flautista Simone Julian.

Em 2008, a Nhocuné Soul lançou seu segundo álbum “Amando e Sambando”, com uma identidade ainda mais marcante. Em 2009, o grupo foi selecionado entre 540 artistas para o projeto do Sesi “Música Brasileira 2009”. As apresentações correram cidades do interior de São Paulo e Rio de Janeiro.

No mesmo ano, participou da Ópera Periférica “A Saga do Menino Diamante”, ao lado do grupo de teatro Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes com quem tem também um coletivo. “ A ópera que criamos conta a história da ocupação de uma favela e a saga de um herói que não é herói. É a história de construir a vida um lugar que não tem raiz. Nesse projeto, participaram trinta e dois artistas. Não é uma ópera no sentido clássico,  queríamos mostrar a forma como “operamos” mesmo a vida humana”, comenta o músico.

divulgação
Banda durante apresentação

No começo de 2010, o grupo se reuniu junto com a família num sítio no interior de São Paulo para trabalhar no terceiro álbum, ainda sem nome, previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano. “Montamos um estúdio e levamos a família num lugar para compor e arranjar todos juntos. É um som mais familiar”, comenta Renato.

Confira entrevista do grupo a Jean Martins e Maurício Verderame

Veja o myspace da banda