CCBB promove mostra sobre Pedro Costa

De 1º a 12 de setembro, o Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo apresenta “O Cinema de Pedro Costa”, uma retrospectiva integral com os 10 filmes do maior diretor do novo cinema português. Durante a mostra, o diretor estará em São Paulo para participar de um debate sobre sua obra. A mostra passará também por Rio de Janeiro (11 a 23 de setembro) e Brasília (14 a 26 de setembro).

Em complemento, uma Carta Branca com quatro filmes escolhidos pelo próprio cineasta e que influenciaram sua obra, entre eles Gente da Sicília, de Straub e Huillet, e Beauty #2, de Andy Warhol.

Com uma obra pequena e um tanto clandestina – apenas 7 longas e 3 curtas em mais de 20 anos de produção, – o cinema de Pedro Costa ganhou recentemente retrospectivas na Tate Gallery, em Londres, e na Cinemateca Francesa. O artista também integra a lista de artistas da 29ª Bienal de São Paulo, onde apresentará uma instalação.

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa construiu uma das mais sólidas e enigmáticas carreiras do cinema contemporâneo. Sua obra resiste a qualquer tipo de classificação.

Com uma dedicação inédita, Costa aborda temas como a migração, a pobreza e a globalização filmando a vida dos imigrantes pobres que vivem nos chamados “bairros de lata” de Lisboa, muitos deles imigrados de Cabo Verde. Mas seu trabalho transcende pela beleza descomunal de seus planos, a precisão da montagem e a intimidade sem precedente dos retratos apresentados.

Desde Casa de Lava (1994), Costa filma esses imigrantes cabo-verdianos, primeiro na ilha de Santiago, depois no bairro lisboeta de Fontainhas, que recebeu grandes ondas de imigração de africanos. Os “bairros de lata” (similares portugueses das favelas) são habitados por uma mescla de imigrantes africanos e portugueses mais pobres, sem atenção dos governos e da mídia.

Depois de Ossos (1997), seu ultimo filme com grande estrutura de produção, o cineasta se decepcionou com toda a maquinaria do cinema – caminhões, gruas e refletores. A partir de No quarto da Vanda (2000), ele recusa o sistema tradicional de produção e passa a filmar com amigos e atores não-profissionais. Os filmes inventam novas formas de vida, um cotidiano de dedicação às filmagens, uma disponibilidade mútua entre o cineasta e os atores-personagens. Como resultado, seus filmes tensionam e destroem, a cada plano, a divisão entres os territórios da ficção e do documentário.

O uso que o cineasta faz de câmeras digitais portáteis para um discurso tão elaborado faz de seus filmes uma espécie de manifesto do cinema moderno e contemporâneo, prova de que o cinema ainda pode ser livre e comprometido, político e poético, ético e estético.

Confira programação completa

MOSTRA O CINEMA DE PEDRO COSTA

PROGRAMAÇÃO

CCBB São Paulo (01 a 12 de setembro)

Dia, 1

19h30: Ne change rien (98’)

Dia, 2

17h30: O sangue (95’)

19h30: Casa de lava (110’)

Dia, 3

15h30: Onde jaz o teu sorriso? (104’)

17h30: Gente da Sicília + 6 bagatelas (94’)

19h30: Ossos + A caça ao coelho com pau (118’)

Dia, 4

15h: Juventude em marcha (154’)

17h45: Mesa redonda: Palavra e política na trilogia das Fontainhas

com Jair Tadeu da Fonseca e Stella Senra

Dia, 5

15h30: Ossos + A caça ao coelho com pau (118’)

17h30: No quarto de Vanda (178’)

Dia, 8

17h30: Ne change rien (98’)

19h30: Conversa com Pedro Costa

Dia, 9

15h30: Casa de lava (110’)

17h30: Trás-os-Montes (111’)

19h30: Palestra: Pedro Costa e o cinema português

Carolin Overhoff

Dia, 1o

17h30: Tudo refloresce (80’)

19h30: Juventude em marcha (154’)

Dia, 11

15h30: O sangue / exibição em beta (95’)

17h30: O estado do mundo (105’)

19h30: Número zero (107’)

Dia, 12

15h: Beauty #2 (66’)

17h: Onde jaz o teu sorriso? (104’)

19h: No quarto de Vanda (178’)

Cinemateca Dia, 16

19h: Numero Zero

21h: Seminário: Cinefilia e preservação

com Pedro Costa e Paulo Sacramento

Por Redação