Cinemateca faz homenagem a Nelson Rodrigues
A Cinemateca exibe a mostra “30 Anos Sem Nelson Rodrigues”. O ciclo é uma homenagem ao dramaturgo e visa celebrar a obra deste que foi um dos maiores autores do teatro brasileiro.
Ainda que sem abranger a totalidade de filmes baseados em seus textos, a homenagem revela as diversas perspectivas de leitura do universo rodriguiano pelos cineastas brasileiros. O destaque fica por conta da projeção de “Meu destino é pecar”, de Manuel Peluffo, primeiro filme adaptado de um texto do escritor, e do raro “Bonitinha, mas ordinária”, de J. P. de Carvalho, que será exibido em cópia nova confeccionada pela Cinemateca.
Compõem a homenagem títulos menos lembrados como “O Beijo”, de Flávio Tambellini, versão expressionista para uma das “tragédias cariocas”, e “Engraçadinha depois dos trinta”, de J. B. Tanko, adaptação da segunda parte de “Asfalto Selvagem”, folhetim publicado pelo escritor no jornal Última Hora, entre 1959 e 1960.
Dois clássicos do Cinema Novo também marcam presença na programação – “A Falecida”, de Leon Hirszman, que conta com desempenho magistral da atriz Fernanda Montenegro, e “Toda nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor, considerada pela crítica uma das mais brilhantes versões da obra de Nelson Rodrigues para o cinema, filme premiado com o Urso de Prata no Festival de Berlim de 1973.
Confira programação
Dia 2
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h30 O BEIJO
20h30 ENGRAÇADINHA DEPOIS DOS TRINTA
Dia 3
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 A FALECIDA
Dia 4
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA
21h00 O CASAMENTO
Dia 5
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h00 VESTIDO DE NOIVA
20h00 BONITINHA, MAS ORDINÁRIA
Dia 8
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h30 O CASAMENTO
Dia 9
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h30 VESTIDO DE NOIVA
Dia 10
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h30 ENGRAÇADINHA DEPOIS DOS TRINTA
Dia 11
SALA CINEMATECA PETROBRAS
16h00 A FALECIDA
19h00 O BEIJO
Dia 12
SALA CINEMATECA PETROBRAS
16h00 TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA
18h00 MEU DESTINO É PECAR
FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES
O Beijo, de Flávio Tambellini
Rio de Janeiro, 1964, 35mm, pb, 78’ | Exibição em 16mm
Reginaldo Farias, A. Fregolente, Jorge Dória, Norma Blum
Homem casado dá um beijo na boca de outro homem que agoniza vítima de atropelamento. Um repórter canalha registra a cena e forja uma campanha sensacionalista contra o rapaz. Sua esposa em breve começa a acreditar nas calúnias publicadas. Versão expressionista, rodada no ano do golpe militar, para a tragédia carioca O Beijo no asfalto.
Classificação indicativa: 16 anos
qui 02 18h30 | sáb 11 19h00
Bonitinha, mas ordinária, de J. P. de Carvalho
Rio de Janeiro, 1963, 35mm, pb, 100’
Jece Valadão, Lia Rossi, Odete Lara, Ambrósio Fregolente
Moça de boa família lê num jornal uma notícia espetacular: a curra sofrida por uma empregada doméstica. Obcecada com o fato, ela pede ao cunhado, seu amante, que a faça vítima de idêntico ultraje. Quando parentes descobrem seu plano, tentam a todo custo lhe arranjar um casamento. Sexo, perversão, amor, culpa e violência – ingredientes dos melodramas e folhetins de Nelson Rodrigues – irrompem nesta primorosa adaptação da peça teatral para as telas. Depois do sucesso de Boca de Ouro nos cinemas, no qual intepretou o papel principal, e se valendo do êxito de Bonitinha, mas ordinária nos palcos cariocas, Jece Valadão volta ao universo ficcional de Nelson Rodrigues, agora como produtor, ator e roteirista. No elenco, nomes de peso como Odete Lara e Ambrósio Fregolente – “ator rodriguiano” que interpretou inúmeros personagens do escritor no cinema e nos palcos.
Classificação indicativa: 16 anos
qua 01 20h30 | dom 05 20h00
O Casamento, de Arnaldo Jabor
Rio de Janeiro, 1975, 35m, cor, 96’ | Exibição em DVD
Adriana Prieto, Paulo Porto, Camila Amado, Érico Vidal
Às vésperas do casamento da filha, industrial entra em crise por conta da paixão obsessiva que ela lhe desperta. Ao lado de Toda nudez será castigada, o filme é uma das mais bem-sucedidas adaptações da obra de Nelson Rodrigues para as telas. Publicado em 1966, o romance O Casamento foi censurado pelo governo militar, sob a alegação de que atentava contra a “organização da família”. Dois anos depois da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, Nelson Rodrigues, entusiasta confesso da ditadura militar, tomava como tema de sua literatura a dissolução do mundo burguês. Com Ambrósio Fregolente.
Classificação indicativa: 14 anos
sáb 04 21h00 | qua 08 18h30
Engraçadinha depois dos trinta, de J. B. Tanko
Rio de Janeiro, 1966, 35mm, pb, 95’ | Exibição em DVD
Irma Alvarez, Fernando Torres, Vera Vianna, Nestor Montemar
Depois do casamento, Engraçadinha leva a vida de maneira recatada e pudica. O comportamento de sua filha, no entanto, parece instigar os impulsos que a mãe abandonara na adolescência. Adaptação da segunda parte do folhetim Asfalto Selvagem, publicado originalmente no jornal Última Hora, entre 1959 e 1960. J. B. Tanko já havia levado para as telas, em 1964, a primeira parte do livro. As duas adaptações receberam manifestações de apreço por parte do escritor.
Classificação indicativa: 14 anos
qui 02 20h30 | sex 10 18h30
A Falecida, de Leon Hirszman
Rio de Janeiro, 1965, 35mm, pb, 85’ | Exibição em DVD
Fernanda Montenegro, Ivan Cândido, Paulo Gracindo, Nelson Xavier
Mulher pobre de subúrbio sonha com funeral de luxo. Em sua ousada adaptação da peça de Nelson Rodrigues – autor notoriamente afinado à ditadura militar – Hirszman ameniza os aspectos melodramáticos do universo rodriguiano para sintonizar o filme com os debates políticos e estéticos que acometiam a intelectualidade de esquerda no Brasil dos anos 1960. Destaque para a primorosa interpretação de Fernanda Montenegro em seu primeiro papel para o cinema. Estreia de Leon Hirszman no longa-metragem, A Falecida foi exibido numa seção especial do Festival de Cannes, em 1965.
Classificação indicativa: 12 anos
sex 03 19h00 | sáb 11 16h00
Meu destino é pecar, de Manuel Peluffo
São Paulo, 1952, 35mm, pb, 72’
Antonieta Morineau, Alexandre Carlos, Ziláh Maria, Rubens de Queiróz
Jovem se casa com um viúvo, mesmo sem estar apaixonada por ele. Passa a morar com sua família e descobre que a antiga mulher do marido foi morta por cães. Aos poucos, ela começa a ficar atormentada com a suposta aparição do fantasma da morta. Primeiro filme adaptado de um texto do escritor. Publicado nas páginas de O Jornal, em 1944, Meu destino é pecar é o primeiro folhetim de Nelson Rodrigues. Assinado sob o pseudônimo de Suzana Flag, foi um dos maiores sucessos de sua carreira e levantou a tiragem do então fragilizado O Jornal, propriedade do magnata Assis Chateaubriand.
Classificação indicativa: 16 anos
qua 01 18h30 | dom 12 18h00
Toda nudez será castigada, de Arnaldo Jabor
Rio de Janeiro, 1972, 35mm, cor, 103’
Paulo Porto, Darlene Glória, Paulo César Pereio, Paulo Sacks
Enquanto sua esposa agoniza, pai de família promete ao filho que nunca mais terá outra mulher. Seu irmão, no entanto, que vive às suas custas, o apresenta a uma bela prostituta e os dois apaixonam-se. Uma das mais brilhantes adaptações da obra de Nelson Rodrigues para o cinema. Arnaldo Jabor revigora o melodrama e coloca sob um novo cenário – o ambiente familiar da burguesia carioca – questões fundamentais para o Cinema Novo nos anos 1970. Contando com interpretação primorosa da atriz Darlene Glória, o filme recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim de 1973.
Classificação indicativa: 16 anos
sáb 04 19h00 | dom 12 16h00
Vestido de noiva, de Joffre Rodrigues
Rio de Janeiro, 2001, 35mm, cor, 111’
Marília Pêra, Simone Spoladore, Letícia Sabatella, Marcos Winter
Agonizando numa cama de hospital, vítima de um atropelamento, uma mulher relembra momentos de sua vida, numa narrativa que mistura alucinação e realidade. Única adaptação para as telas da peça Vestido de noiva, marco do teatro moderno brasileiro.
Classificação indicativa: 14 anos
dom 05 18h00 | qui 09 18h30
Por Redação