KLM faz 100 anos e celebra Stonewall e a história LGBTI na Holanda
Companhia aérea apoia iniciativas que impactam positivamente na aceitação de funcionários LGBTI
Uma das empresas mais engajadas do mundo na questão da diversidade e inclusão de LGBTI, a KLM celebra no dia 7 de outubro um século de vida. Para comemorar a data, a companhia aérea holandesa vem promovendo diversas ações que relembram os 50 anos Stonewall e a história do movimento gay na Holanda.
Em 2010, a KLM fundou a organização KLM Over the Rainbow. O conselho da organização está empenhado em promover a diversidade e a inclusão dentro da companhia. Assim como em muitas empresas, a KLM consiste em uma mistura colorida de funcionários de diferentes origens, na busca por uma cultura na qual todos os funcionários se sintam valorizados e seguros.
Em junho deste ano, a KLM sediou a Conferência anual do Workplace Pride (Orgulho do Local de Trabalho, em tradução literal). Esta organização sem fins lucrativos visa melhorar as condições de trabalho dos funcionários LGBTI em todo o mundo. Também fala direto com as empresas, para encorajá-las a darem aos seus funcionários espaço e confiança suficientes para poderem ser eles mesmos e se sentirem valorizados.
O objetivo maior é elevar o nível geral de aceitação e servir de exemplo para os outros. Na KLM, passos sérios estão sendo dados na direção certa, por exemplo, abrindo espaço para iniciativas que impactam positivamente na aceitação de funcionários LGBTI. Juntamente com a Air France, a companhia participou da Parada Gay anual pelas ruas de Paris.
Voo totalmente LGBTI para Nova York
Seguindo os passos de outras companhias aéreas, Tasos Papaioannou, tripulante da KLM, sugeriu o envio de uma tripulação de bordo totalmente gay para Nova York no início deste ano.
Ao fazer isso, ele queria contribuir como empresa para celebrar as manifestações de Stonewall. No dia 28 de junho, sua ideia se tornou realidade. Naquela manhã, a tripulação formada apenas por profissionais LGBTI estava pronta para levantar voo orgulhosamente em direção a Nova York.
Tasos chamou isso de um passo na direção certa. No entanto, ele indicou que a batalha para a aceitação total ainda está sendo travada. “Ainda assim, esse tipo de iniciativa é um grande avanço”, enfatizou.
Jornada de progresso
No começo de agosto, o Over the Rainbow organizou a Journey of Progress (Jornada do Progresso), excursão que percorreu o centro da cidade de Amsterdã, e o guia local Henk falou sobre as origens, o desenvolvimento e o status atual da comunidade LGBTI em Amsterdã e na Holanda.
O passeio envolveu 20 influenciadores de oito países diferentes, incluindo Brasil. Os convidados desfrutaram da atmosfera local durante Amsterdam Pride.
A primeira parada foi o Homomonument, primeiro monumento do mundo a homenagear homossexuais mortos pelos nazistas e os que ainda sofrem discriminação por conta da sua sexualidade. A segunda parada foi a primeira ponte sobre o Keizersgracht, um dos principais canais de Amsterdã, para ter um vislumbre do famoso distrito de Jordaan, seguindo para a Prinsengracht, onde ocorre o desfile de barcos do Canal Pride.
A terceira parada foi o Palácio Real e o Monumento Nacional na Praça Dam. No século 17, o chamado Burgerzaal (Salão dos Cidadãos) era um local de encontro não oficial para homens gays, nos tempos em que você ainda podia ser condenado à morte por homossexualidade na Holanda.
Na época do protesto de Stonewall nos EUA, um grupo de ativistas LGBTI de Amsterdã se aproximou do Comitê de Lembranças de Guerra com um pedido para homenagear os soldados LGBTI com uma coroa de flores. Isso não foi permitido na época. Os ativistas colocaram a coroa assim mesmo, e foram presos.
Em 1987, o Homomonumento foi criado, com três triângulos interligados por linhas que juntas formam um quarto triângulo. No primeiro triângulo, foi colocado um poema do escritor holandês Gerard Reve, que era gay e quase foi preso por um de seus livros.
O tour passou pela Warmoesstraat, uma rua absolutamente única na Europa, pois oferecia um espaço seguro para a comunidade LGBTI. A parada final foi o Cafe’t Mandje, que é um clássico café “gezellig” e o bar gay mais antigo ainda em Amsterdã.
Rótulos são para bagagens, não para pessoas
Cinquenta anos depois de Stonewall, progressos significativos foram feitos na área de direitos LGBTI. O surgimento do Over the Rainbow e diferentes eventos LGBTI indicam que uma empresa grande como a KLM também está trabalhando em diversidade e inclusão.
Como Tasos pontuou, o objetivo final é ser aceito de tal forma que a batalha não precise mais ser travada. Depois de avanços bem-sucedidos em 2019, estamos ansiosos por um 2020 ainda mais diversificado! Porque convenhamos – “Rótulos são para bagagem, não para pessoas”.