Elza Soares é escolhida pelo Catraca como personalidade do ano
“Cadê meu celular?
Eu vou ligar pro 180
Vou entregar teu nome
E explicar meu endereço
Aqui você não entra mais…”
Esse verso, que exalta, acima de tudo, o direito de liberdade da mulher, está na música “Maria de Vila Matilde”, do último disco de Elza Soares, intitulado “A Mulher do Fim do Mundo” (2015).
Mulher. Negra. Experiente. Aos 80 anos de idade, a cantora não se deixa abalar pelos preconceitos e, mais do que isso, os enfrenta com representatividade inigualável. Por onde passa, com a criatividade que somente retêm os grandes artistas, ela luta contra o racismo, a homofobia, o machismo e toda e qualquer forma de preconceito.
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Elza transformou sua própria vida na inspiração para sua arte. Nasceu pobre, passou fome. Desde pequena, já enfrentava os olhares tortos nos programas de calouro onde ousava soltar a voz. Mãe de sete filhos, chorou a morte de três deles. Ficou viúva do primeiro casamento aos 21 anos; e do segundo, aos 52, do lendário Mané Garrincha.
O casamento com o jogador também foi marcado por preconceitos. Como era possível uma cantora em início de carreira se envolver com um jogador de futebol casado? Elza foi xingada e até ameaçada de morte. E, mais uma vez, nem por isso parou, nem de amar e nem de cantar.
O caminho sinuoso não foi suficiente para derrubá-la. E se caiu, aprendeu a levantar como diva que é. Mesmo quem apenas conhece sua face artística e ouve sua voz sente a força que Elza carrega e provê.
Tal reconhecimento não está apenas nos aplausos do público que canta junto, mas também em prêmios como o Grammy Latino e o Prêmio da Música Brasileira – ambos de 2016 pelo álbum “A Mulher do Fim do Mundo” –, entre tantos outros conquistados por ela ao longo da carreira.
Formado por fãs, homens, mulheres, negros, brancos, gays, religiosos e ateus, o time do Catraca Livre também quer prestar sua homenagem a personalidade mais impactante e inspiradora de 2016, que mais nos representou este ano e nos dá coragem para lutar por um 2017 mais livre, mais diverso e mais pacífico!
Obrigado, Elza Soares!