Vencedor do Prêmio Cidadão Sustentável

Carlos Souza começou a dar aula aos 15 anos. Hoje, aos 31, é um dos responsáveis pelo Veduca
Carlos Souza começou a dar aula aos 15 anos. Hoje, aos 31, é um dos responsáveis pelo Veduca

Carlos Souza é o vencedor do Prêmio Cidadão Sustentável pela categoria Tecnologia e Comunicação. Ele foi escolhido pelo júri composto  por Carlos Tramontina, Fabíola Cidral, Jorge Wilheim, Ladislau Dowbor e Maria Alice Setúba. A cerimônia aconteceu na noite desta quinta-feira no Itáu Cultural.

Realizado pelo site Catraca Livre, em parceria com a Rede Nossa São Paulo, o prêmio Cidadão Sustentável surgiu com a ideia de, em tempos de eleições, discutir como é possível encontrar personagens que mudam a cidade de forma produtiva.

Carlos Souza, um dos idealizadores do Veduca

Engenheiro formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), decidiu investir no segmento educacional aliado a tecnologia, através do site Veduca. O portal disponibiliza gratuitamente aulas de diversas universidades do mundo.  Todos os conteúdos são traduzidos.

“Desde criança eu sempre dei muito valor para a educação, talvez por vir de uma família de professores. Minha casa sempre estava lotada de livros e comecei a dar aulas aos 15 anos, e já dei aula sobre tudo: informática, matemática, física, violão. Minha família me instigou muito o valor que eu aprendi desde cedo: o que você aprende ninguém te tira.

Fiz engenharia aeronáutica no ITA e depois de uma breve experiência no mercado financeiro, fui trabalhar na P&G em marketing. Fiquei oito anos e foi uma experiência sensacional onde aprendi sobre marketing, como tocar um negócio e como fazer ele acontecer. O interessante foi que, desde o começo, me identifiquei com uma veia empreendedora, já que sempre peguei as posições que eram pouco definidas. Sempre tive esse drive de fazer acontecer e sempre tive o desejo por pegar os objetivos menos definidos.

Mas eu sempre tive o sonho de criar algo próprio e meu turning point aconteceu há uns cinco anos atrás quando, numa viagem de ski, sofri um acidente. Foi uma queda muito grande e eu estava sem capacete. Fiquei um mês no hospital e até os médicos não conseguiram explicar como saí vivo. Mas quando você fica muito tempo no hospital você fica pensando muito. Eu me lembro que no primeiro dia que voltei ao trabalho, perguntei para meu chefe: “Mas qual é a diferença que a gente está fazendo no mundo?”, e desde então, comecei a questionar qual era o meu papel. Até o dia em que, mesmo estando muito bem na minha carreira e sendo muito bem recompensado, eu tinha a plena certeza de que poderia fazer mais e ser mais feliz. Agradeço muito à P&G porque me ensinou muito. Só que uma vez que você aprende, você precisa ter coragem para admitir quais são seus sonhos.

Saí e fui com essa ideia de criar um negócio para ajudar aos outros. E estudei mais de 100 modelos de negócios diferentes fora do Brasil e, nesses estudos, encontrei o movimento de open course que começou com o MIT em 2002, quando declararam que iam filmar todas as aulas e colocá-las na internet (antes mesmo do You Tube). Só que esse movimento ainda não tinha chegado ao Brasil e todos os cursos disponíveis estão em inglês – porém, só 2% da população brasileira compreende inglês. E eu pensei: “nossa! É essa a ideia! Isso não existe aqui e o Brasil precisa disso!”

O propósito da Veduca é democratizar a educação de alta qualidade no Brasill. Junto com meus sócios, selecionei as melhores palestras e subcontratamos 10 tradutores, e até hoje tudo tem sido pago de nossos bolsos. Já tivemos vários investidores que nos falaram: “Vocês cobram por assistir os vídeos e nós investimos” mas isso iria contra o nosso propósito. Por isso, é muito importante você ter um propósito, pois caso contrário, você não vai para frente. Você precisa ter caráter e ser fiel ao que você acredita. Lançamos em Março e já tivemos 250 mil visitas e isso, para mim, deixa muito claro que o sucesso que estamos tendo é devido ao nosso propósito.

Hoje entendo que as pessoas que têm esse talento de empreender, têm que empreender, senão a economia fica estagnada – se não tivessem dois empreendedores lá atrás, não teríamos hoje uma P&G – todo empreendedor tem seu papel para cumprir.

Eu acho que o homem é do tamanho de seus sonhos. Hoje estou no período mais feliz da minha vida. Se eu não tivesse feito isso, eu estaria ganhando um belo salário na zona de conforto, mas não seria tão feliz como estou hoje.”

Por Redação