As mina rima, sim!

Por: Alexandre De Maio

 
 

Durante uma entrevista para a 1ª edição da revista Rap Brasil (pág. 11), o rapper Thaíde afirmou: “O que falta [no rap] só são grupos femininos (…)”

A presença notória de MCs mulheres durante a trajetória do Rap no Brasil oscilou de forma considerável e teve seu início nos anos 90. Sharylaine, MC Regina e Edd Wheeler são pioneiras e fizeram parte da pavimentação do Rap nacional, cantando sobre o cotidiano de quem mora na periferia e sobre a liberdade de expressão. Dessa forma, se tornaram referências para que mais mulheres começassem a surgir.

O início dos anos 2000 foi marcado pela ascensão de grupos de Rap como Visão de Rua, RZO, RPW e SNJ, que apresentaram divas do Hip-Hop que atravessaram gerações e se tornaram referências. São elas: Negra Li, Rubia, Cris, Gizza, Kmilla CDD, Dina Di e posteriormente, Stefanie MC.

A virada da década foi importante para que o Hip-Hop ganhasse notoriedade nos grandes meios de comunicação, fazendo com que as músicas das minas chegassem para mais gente através de programas como o Yo! da MTV e a participação ativa das rádios comunitárias.

Celso Athayde confirmou isso após a cobertura do evento “Minas da Rima” em 2001 (edição nº 6 da revista Rap Brasil, p. 39). Ele disse: “Muitas meninas começaram a viver do Rap como qualquer outro artista, buscando seu mercado de trabalho como qualquer outro profissional.”

A partir de 2010, começamos a ouvir também músicas sobre o empoderamento, com letras sobre as nossas vulnerabilidades, conquistas e sexualidades. MCs como Flora Matos e Karol Conká foram fundamentais para renovar a forma de fazer Rap, trazendo novos elementos e temáticas.

Hoje, do Boombap ao Trap, nomes como Tássia Reis, Monna Brutal, Drik Barbosa e Tasha e Tracie mostram que as mulheres, principalmente as pretas, são diversas em suas preferências e vivências. E, ao mesmo tempo em que são muito semelhantes, sempre buscam exaltar aquelas que abriram os caminhos para que hoje, a gente possa cantar que “não é atoa que LIBERDADE é no feminino”.

Por Beatriz Carvalho