Revista Rap Brasil 3

Por: Alexandre De Maio

RAP BRASIL #3: “A revista armada de informação”

A terceira edição da Rap Brasil traz na capa o rapper Edi Rock, do grupo Racionais MC’s, anunciando o lançamento de seu primeiro trabalho solo. Esta edição ainda fez a divulgação do trabalho de diversos outros grupos do cenário nacional da música rap:  Da Guedes, Alerta Vermelho, Tribunal MC’s, Ndee Naldinho, SNJ, Danny Dieis, Linguagem de Rua e 509-E.

Nas páginas iniciais encontramos a entrevista com o rapper Edi Rock e nas páginas seguintes, uma breve mensagem escrita pela Equipe Rap Brasil que assinou o texto afirmando estar “armada de informação”. No texto intitulado Metralharam Jesus na porta da favela, é feita uma comparação entre um rapaz comum da periferia e a figura de Jesus Cristo que, ao apresentar um jovem pedreiro, morto ao chegar na favela pelas forças policiais, nos leva a refletir sobre a violência do Estado na gestão da sociedade. O texto termina afirmando a função histórica do RAP naquele contexto de virada do século: Lutar pela Revolução Através das Palavras.

Além disso, a revista trazia a divulgação de diversos trabalhos nas suas páginas, como por exemplo o projeto do selo 4P idealizado por KLJay, DJ dos Racionais MC’s, chamado Rota de Colisão e também o Estado Crítico, produzido por KLJay em parceria com o rapper Xis.

Foram dedicadas algumas páginas à cena em Porto Alegre, onde exibiram um breve relato da trajetória de luta do hip-hop na região sul do país.

Em seguida a revista deu um giro pelo cenário nacional e evidenciou a riqueza do movimento hip-hop já nos fins da década de 1990, demonstrando que o movimento buscava, em nível nacional, conquistar as periferias e favelas através de uma linguagem própria.

Quase nas páginas finais, encontramos uma seção de Graffiti já que a revista aceitava as imagens de varios artistas para a divulgação dos seus trabalhos. Em seguida, um texto escrito por Rodrigo Mendes que exalta uma das conquistas daquela época: a casa do hip-hop, idealizada por Sueli Chan e patrocinada pela prefeitura, além de contar com alguns membros do movimento Hip-Hop como Nelson Triunfo, Marcelinho, Chorão, Tata, entre outros.

As páginas finais são marcadas por conversas e relatos de alguns b.boys a respeito do movimento Hip-Hop. Uma marca importante de alguns desses depoimentos é como os rappers viam o movimento como sendo um meio de educar e também de aprender com a própria periferia e a comunidade em geral. Um dos grandes ensinamentos que podemos encontrar através das conversas com as pessoas que fazem o hip-hop é justamente a capacidade que a arte possui de dar voz aos que não tem, de apresentar a própria realidade e refletir sobre ela junto aos seus irmãos.

Por fim, uma entrevista com o grupo 509-E, grupo que surgiu no presídio (antigo Carandiru) e contava com o apoio de milhares na época, além de ser inspiração para muitos que, ao ver as condições sob as quais o grupo fazia rap, partiram para suas primeiras canções.

Por Ricardo de Brito