Revista Rap Brasil 4

Por: Alexandre De Maio

Um panorama da cultura Hip-Hop brasileira em 84 páginas

O ano era 2000 e no momento do lançamento dessa edição, o editorial da revista denunciava a violência policial contra os professores que se organizavam em greve.

Na capa, o rapper GOG, um dos nomes de muita importância no Rap brasileira, em entrevista realizada em Brasilia, contou sua trajetória, iniciada no início dos anos 90 e naquele momento lançava o álbum CPI da Favela. O momento também era de comemoração de 500 anos de Brasil e o rapper refletia sobre a história de exploração e sofrimento do povo brasileiro e discutia outros temas importantes. Dino Black, Japão e Mano também participaram da entrevista com suas ideias.

Época de ouro dos grandes shows de Rap, naquele ano a rádio 105 fm organizou o Espaço Rap trazendo um do maiores groups de Rap do mundo, Wu Tang Clan, reunindo cerca de 50 mil pessoas para assistir o show de 25 grupos de Rap.

O reporter Rodrigo Mendes entrevisou Eduardo do grupo Facção Central que falou um pouco sobre a inspiração por trás de letras como “Versos Sangrentos” e  “12 de outubro”.

Conexão do Morro contou a história por trás da música e a gravação do video clipe de “Saia da mira dos tiras” sucesso naquele momento.O grupo Transtorno formado por Roger, Clayton, Rodrigo, Douglas e William, contou sua história.

Na sessão traficando informação, o poeta Sergio Vaz fazia o lançamento do seu livro “Pensamentos Vadios” na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Voz ativa trazia sugestões, críticas, desabafos e ideas de leitores, através de cartas, que chegavam de todas as partes do Brasil.

Naquela época, meios de comunicações alternativos como fanzines e rádios comunitárias nasciam e floresciam por todo país.

O grupo Visão de Rua, contou sua história, iniciada em 1994, com Dina Di e Tum, e depois DJ OD. Na entrevista, falam dos desafios de um grupo de Rap feminino naquela época e do sucesso de músicas como “Marcas da Adolescência”. Dina Di, que hoje não está mais entre nós, deixou uma contribuição infinita para as mulheres que hoje fazem parte dessa cultura. Nessa entrevista, ela relatava muitos dos problemas que mulheres enfrentam nas e compartilhou a dificuldade que estava enfrentando por ser mãe solteira e rapper, e ter perdido a guarda do seu filho por causa das correrias que tinha que fazer com a música.

De Hortolândia, interior de São Paulo, Faces da Morte falava do lançamento do seu terceiro disco “O crime do Raciocínio”, pelo selo do próprio grupo e o apoio ao lançamento do grupo Realidade Cruel.

SP Funk se apresentava como “O lado B do Hip-Hop” e trazia uma alternativa ao Rap, que eles afirmavam que precisava de mais originalidade.  A música “Fúria de Titãs” demonstrava bem o que eles queriam dizer.

A revista fazia sempre uma seleção de “rádios comunitárias” que podiam ser sintonizadas para curti Rap e Black music no geral.

Precursores do Hip-Hop no Brasil, formada em 1985, Back Spin Crew contou sua história em uma entrevista com seus integrantes Marcelinho, Drica, Casper e  Banks.

A revista fazia muita promoções e nessa edição publicou o nome de 200 ganhadores da edição anterior e promoveu os próximos prêmios:  50 CD’s do GOG e 30 camisetas da marca Konfuzão.

O grafitti estava sempre presente, dessa vez o grafiteiro Fedos expos seus trabalhos e contou sua história.

O lançamento da revista Graffiti, que estava no forno, foi anunciado.

IDR Irmãos de Rua falaram sobre o lançamento de seu disco e seu selo Preto Loco.

DJ Paulo Boy, da Banca Forte Studio, falaou sobre os álbuns que foram produzidos no seu estúdio, como Xis, Edi Rock solo, Estado Crítico, Camorra, Potencial 3, 509-E.

Em Liga o Box, uma sessão onde os grupos podiam enviar seu trabalho para divulgação, em cassete, CD ou MD, um histórico do group e foto, DJ Fabio Rogerio divulgava o trabalho de DLN, Ritmologia, Extremistas MCs, Rapper Pirata, Impacto de Rua, Alerta Radical, Civilização Negra, BOSP.

Muitas eram as baladas, mas naquela edição, o destaque foi para Sambarylove e Bahamas Club.

Para fechar essa edição, o Hip-Hop de Lavras foi representado por Olympic Break, Negros e Brancos MCs, Legítima Defesa e Papo de Esquina.