Revista Rap Brasil 5

Por: Alexandre De Maio

No ano 2000 chegou nas bancas de jornais, mais um exemplar da revista Rap Brasil. A edição de número 5 trouxe na capa o assunto mais quente do momento: censura ao novo videoclipe, “Isso aqui é uma guerra”, do Facção Central. Nas demais páginas, apresentou notícias, reportagens e entre elas, o icônico álbum, “Assim caminha a humanidade”, de Thaíde e DJ Hum.

Mesmo diante do crescimento do gênero rap no Brasil e de toda a cultura hip hop, o momento era de tensão e o editorial daquela edição deixa isso nítido, ao convocar seus leitores/as à reflexão. Sob o título “A máquina eleitoral acredita que o povo não pensa” (página 09 e 10), os editores, Alexandre de Maio e Marques Rebelo, alertam para o contexto atual de corrupção e crise política em que o país estava envolvido naquele momento e convocam leitores e leitoras a virar o jogo.  “[…] tome cuidado na escolha de seu candidato, veja o que ele fez pela sua cidade, seu bairro ou sua rua. Vote certo”.

A reportagem de capa (página 16 a 22), intitulada “Pode prender, pode censurar, mas não é assim que a Guerra vai acabar”, apresenta o caso de censura ao videoclipe do grupo Facção Central, registra o posicionamento dos integrantes do grupo e também personalidades como o rapper Edi Rock, do Racionais Mc’s, que diz que “o clipe do grupo é um espelho, um retrato versado da realidade social urbana latino-americana”. Outra personalidade que se posicionou em defesa do grupo foi o então senador, Eduardo Suplicy. Para ele, “o que os rappers falam, é mais levado em consideração do que os políticos falam, tem muito mais respeito”.

Outras duas reportagens de destaque são apresentadas na edição de n.5 da Revista Rap Brasil:  (1) o lançamento do álbum, “Assim caminha a humanidade”, de Thaíde e DJ Hum (página 24 a 26), que inovaram ao misturar rap com o baião, um ritmo genuinamente nordestino e ao incluir participações de Xis, RZO, Sabotage, Academia Brasileira de Rima e Chico César, entre outros e (2) o fim do Câmbio Negro (página 29 e 30). Entrevista com X revela o fim da banda conhecida por “seu estilo forte e agressivo”. A reportagem cita os principais fatores que levaram ao fim da banda pioneira do rap de Brasília, entre eles, o desrespeito dos promotores de eventos e contratantes de shows, que na opinião de X se reflete na falta constante de estrutura para a banda tocar, o que evidencia o preconceito contra o gênero rap.

A revista ainda aborda muitos outros assuntos. Faz um panorama dos acontecimentos do momento, por meio da editoria “Traficando Informação (página 31); apresenta as baladas em ascensão em “Balada Hip hop” (página 33), apresenta a União Bate Cabeça, a U.B.C (página 36), outras entrevistas, o avanço do rap na televisão e entre as mulheres, um perfil com Paulo Brown, notícias de várias regiões do país, além de páginas dedicadas ao grafite e aos quadrinhos.

Palavras-chave: Revista Rap Brasil n.5; Thaíde; Dj Hum; Capão Pecado; U.B.C; Paulo Brown; DJ Ninja; Hutus 2000; X Câmbio Negro; Facção Central; censura; liberdade de expressão; crise política

Por Rachel Quintiliano