‘É muito mais difícil ser acompanhante do que paciente’, diz jovem que venceu o câncer

Por: Catraca Livre

No fim de 2011, a então estudante de fisioterapia Evelin Scarelli, hoje com 27 anos, estava disposta a trabalhar em reabilitação de pacientes com câncer de mama. Ia para o último ano de curso, até descobrir que ela própria estava com a doença.

O diagnóstico fez com que sua mãe, Célia, voltasse ao ginecologista – depois de 25 anos longe do consultório e dos exames de rotina. Dois anos depois, ela também detectou um câncer em estágio inicial. “Descobri com a minha mãe que é muito mais difícil ser acompanhante do que ser paciente. Porque quando eu estava passando por tudo aquilo, eu não tinha outra escolha. Quando a vi passando por isso, me senti impotente”, diz ela, que hoje é analista de comunicação do Instituto Oncoguia.

A analista de comunicação Evelin Scarelli, que venceu o câncer de mama

Leia, a seguir, seu depoimento.

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Eu estava entrando no último ano de faculdade. Ia fazer fisioterapia em oncologia para reabilitação em câncer de mama. Estava fascinada pela matéria. Três meses depois que eu decidi trabalhar com oncologia, recebi o diagnóstico de câncer de mama.

Não tinha caso na família. Foi bom porque a última vez que minha mãe tinha passado no ginecologista e feito exames foi logo depois que eu tinha nascido. Ela ficou 25 anos sem se cuidar direito.

Depois que eu fui diagnosticada, os médicos começaram a ficar no pé dela. Tanto é que, quando descobriram [o câncer de mama na mãe], estava bem no começo.

Descobri o meu por acaso. Espreguicei e encostei a mão no seio. Senti um caroço bem grande, meio estranho. Era um câncer invasivo, que estava protegido por um nódulo de gordura.

O médico recomendou tirar o seio antes de fazer a quimioterapia. Saí feliz da vida porque passei do sutiã tamanho 38 para o 42. Fiz reconstrução e coloquei silicone do outro lado.

Eu queria muito sobreviver. Estava com muito medo. Tentar encontrar algo bom foi a maneira de preservar minha família. Para tudo o que eu perdia, encontrava alternativa. Meu pai não me deixaria colocar silicone se eu não tivesse o câncer.

Descobri com a minha mãe que é muito mais difícil ser acompanhante do que ser paciente. Porque, quando eu estava passando por tudo aquilo, eu não tinha outra escolha. Quando a vi passando por isso, me senti impotente. Eu não ia conseguir tirar a dor dela.

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Por QSocial