“Mãos” representa o Brasil em festival de curta-metragens

Curta-metragem "Mãos" representa o Brasil em festival internacional.

Por: André Nicolau

Era início dos anos 90 quando o ainda menino, Will Mazzola, viu-se fascinado  por aquelas imagens sujas, distorcidas, completamente transgressoras diante dos tradicionais programas, seriados e novelas da tevê brasileira. Ainda sem saber, sua paixão pueril pelos videoclipes se tornaria febre mundial entre os jovens daquela época, cunhando por aqui os primeiros filhos da nova e frutífera “Geração MTV”. Duas décadas depois, a fixação pelo audiovisual deu lugar à promissora carreira de diretor de filmes publicitários, com a realização do curta-metragem “Mãos”, único representante brasileiro do 180 Microcinema Festival, que  acontece de janeiro a abril de 2012.

O filme, que começou a ser produzido em 2009 com grande esforço de Will e do amigo dos tempos de faculdade Jan Pfiffer (que juntos desembolsaram cerca de seis mil reais), foi inspirado em uma experiência vivida pelo próprio diretor.

Naquela época, Will morava em Lisboa e dera início a uma inesperada paixão a 1734 quilômetros dali, na charmosa Paris. “Começamos a namorar a distância, coisa que eu sempre havia reprovado, mas que apesar das dificuldades, ainda estamos juntos. Foi nesse meio tempo que comecei a procurar uma figura de linguagem que simbolizasse a força desse amor e assim cheguei à ideia das mãos”. Entre idas e vindas,  o filme foi finalizado com a colaboração da estudante Livia Bitetti e dos produtores Lucas Mayer e Lou Schmitd.

A produção, que antes de chegar ao formato final passou por 20 possíveis e impossíveis versões de roteiro, retrata a história de amor de um casal, que entrelaçados pelas mãos, metaforiza os valores de um relacionamento cúmplice, duradouro e recíproco.

Em quase dois anos de trabalho, “Mãos” foi concluído com o apoio de amigos e familiares.

Antes de levar o nome do Brasil ao conceituado festival, Will imaginou-se veterinário, arquiteto, até que se decidiu pelo curso de publicidade, às vésperas do vestibular.

Foi na universidade que o aspirante a diretor deu seus primeiros passos com a produção de vídeos-teasers, peças publicitárias e filmes comerciais. “Na faculdade acabei virando monitor nas aulas de Rádio e TV e saía com os alunos mais novos para ajudá-los com os seus projetos de filmes. Nesta época, aprendi bastante com edição e fui  escolhido para fazer um curso de roteiro gratuito, onde acabei ganhando um prêmio”, explica.

Após freelas, projetos independentes e bicos, o diretor concluiu a produção do curta-metragem em 2011 e, desde então, busca espaço para a divulgação do filme em festivais mundo afora.  No 180 Microcinema Festival,  “Mãos” concorre a duas categorias: o prêmio do “Júri” e de “Público”, onde os internautas escolhem a melhor produção.  “Acredito que para o Brasil é bacana porque proporciona visibilidade positiva e mostra que somos mais do que  carnaval e futebol”.

Contudo, apesar do momento aparentemente favorável, Will ressalta as dificuldades ainda enfrentadas pelos produtores culturais no Brasil “Eu não escolhi ser independente. Fui forçado a ser independente, havia uma ânsia de produzir, de se expressar, de comover as pessoas, por sorte, houve também uma força de vontade e coragem. E a partir disso conseguimos tirar do papel. Se não fosse a equipe toda, os atores que acreditaram, a família, isso não teria saído”.

Confira o curta-metragem “Mãos” na página oficial do festival. Vote, compartilhe com os amigos e divulgue o cinema nacional para todo o mundo.