Peça adapta o mito de Medeia para contexto da escravidão
Montagem é apresentada até 26 de novembro na Biblioteca Mário de Andrade, como parte da programação da Consciência Negra
O mito de Medeia, tragédia grega conhecida principalmente pela versão de Eurípides escrita em 431 a.C., ganha uma releitura para o Brasil da escravidão negra em Medea Mina Jeje, espetáculo em cartaz na Biblioteca Mário de Andrade até 26 de novembro. A peça integra a programação do mês da Consciência Negra da biblioteca, com sessões às segundas, sempre às 19h, com entrada gratuita.
Criada e estrelada por Kenan Bernardes, com dramaturgia assinada por Rudinei Borges, à releitura são adicionados dados históricos de negros escravizados nas Minas Gerais no século 18. Na montagem, em vez de uma mãe que mata seus filhos por vingança ao marido infiel, Medea é uma mulher negra escravizada na Mina Jeje, em Vila Rica de Nossa Senhora de Pilar de Ouro Preto.
Ela vê na morte do filho uma solução para libertá-lo da perseguição e mutilação a que é submetido por sua condição de escravo. Dividindo-se entre o ardor profundo e o luto maternal, ela faz uma espécie de canto, uma oração que narra o sacrifício do menino Age no trabalho penoso e aterrador das minas de ouro que moveram a economia do Brasil durante séculos.
Apresentado como um poema cênico, o solo de Bernardes é acompanhado somente por jogos de luz e som, com um cenário diminuto e praticamente vazio. A direção de Medea Mina Jeje é de Juliana Monteiro.
Em parceria com SP Escola de Teatro
A SP Escola de Teatro é um equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e tem por atribuições a formação profissional na arte teatral.