“Sobre Rios – Às Margens de Laos” traz fotos de marina Thomé ao Estúdio Lâmina

Navegar é preciso e viver o lugar onde navegamos também

Por: Catraca Livre

Nenhuma viagem se faz sem uma curiosidade inata de descortinar o desconhecido que sempre se apresenta em cada percurso vivivo. A cada passo uma nova cultura, a cada vista uma nova paisagem, a cada rio uma nova margem.

E, no caso da Marina, essa margem desconhecida se tratou da República Popular do Laos. Para nós um país muito pouco conhecido encravado numa região asiática que ficou marcada por sucessivas guerras no século XX. Por ser vizinho do Vietnã, as fronteiras do Laos acabaram sendo duramente bombardeada pelos norteamericanos durante a guerra nos anos 60 e 70, o que lhe rendeu o triste título de ser o país mais bombardeado do mundo.

Mas não foi esta história trágica que a levou para lá. Foi o acaso que fez Marina atravessar o Laos que a principio seria passagem para outro país da Ásia. E o acaso sempre é sábio em suas formas sutis de revelar uma nova realidade para algo que não estava pré-determinado. Afinal, o acaso lhe mostrou uma outra viagem dentro da própria viagem. Um aprofudamento da alma através da imagem do outro. Esse outro que naturalmente se revelou na força de sua expressão humana, da sua terra, da sua paisagem, dos seus rios, da sua cultura, do seu cotidiano, da sua religião Budista, das suas margens.

Ao acolher a primeira exposição individual de Marina Thomé, ‘Sobre Rios – Às Margens de Laos’, o Estúdio Lâmina reconhece duas qualidades importantes na formação do seu caráter artístico: despretensão conceitual e invenção poética. Tudo com muita precisão técnica, mas sem nenhuma pretensão conceitual de revelar a cultura e a história de Laos, Marina Thomé, ao contrário, nos propõe um navegar poético pelas margens de Laos, dos seus habitantes, de suas crenças e, afinal, da busca do sentido humano, não importa a margem em que esteja.