Sofar Sounds: todas as conexões da música em um cômodo

20/09/2017 15:51 / Atualizado em 24/07/2024 23:15

Songs from a room. Estas são as palavras que, além de formar a sigla, guiam a missão da Sofar Sounds, iniciativa gringa que inverte a lógica de assistir a shows. Em vez de comprar ingresso para determinado artista, o público é instigado a comparecer a apresentações secretas, cujo local e atrações só são divulgados na hora.

Iniciada em 2009 na Inglaterra, local que permanece como QG, a iniciativa hoje já chegou a mais de 300 cidades ao redor do mundo, de acordo com Dilson Laguna, um dos realizadores do Sofar no Brasil. “A ideia é ressignificar a experiência de música ao vivo e trazer o público para viver uma experiência única. Em cada edição são três, quatro, cinco performances, cada uma de vinte minutos, para o pessoal conhecer um pouquinho de cada artista”, explica.

Laguna conta que foi motivado a trazer o Sofar para as terras tupiniquins após assistir pela internet a uma gravação realizada dentro de um quarto de faculdade, na qual a banda ficava no centro e as pessoas assistiam à apresentação de cima dos beliches. “Tinha o quê, 12 pessoas? Foi ali que vi que a ideia do Sofar de criar um palco em qualquer ambiente precisava ser replicada aqui no Brasil”.

De shows que já passaram, elegeu como seus preferidos os shows de Nina Oliveira, cujo vídeo da Sofar é o mais visto em todo o país no ano de 2016; da diva paraense Dona Onete, em Belém, e do carioca Rubel, em 2014, antes dele ganhar repercussão na internet. Das próximas iniciativas que está mais empolgado, Laguna anuncia a ação do dia 20 de setembro, na qual todo o globo estará em conjunto em uma ação em prol dos refugiados. São mais de 200 shows pelo mundo, com nomes como Ed Sheeran a Esperanza Spalding. Porém, como as apresentações são secretas, ninguém sabe onde eles tocarão (e essa é a graça!).

Dilson Laguna, um dos responsáveis por trazer o Sofar Sounds para o Brasil
Dilson Laguna, um dos responsáveis por trazer o Sofar Sounds para o Brasil
  • Faça parte

Para quem ainda não entendeu o “sigilo” a respeito do Sofar e como participar deste seleto clube, é necessário acessar Sofarsounds.com, buscar pela cidade de interesse, escolher o evento e checar se há disponibilidade para aquela data. Depois, basta contribuir para o projeto, já que não há venda de ingressos e, sim, contribuições financeiras seguidas de contrapartidas: no momento, por exemplo, existe uma parceria com o Spotify, na qual a pessoa ganha uma assinatura premium; ou então, o espectador ganha um CD de algum dos artistas que toca na noite.

Enquanto em Londres ou Nova York recebem de dois ou três eventos por dia, a capital paulistana tem números mais modestos: são 10 eventos por mês, entre capital e interior. Mesmo assim, a circulação de artistas e pessoas interessadas de todos os cantos do mundo é muito grande, fazendo com que seja um ambiente propício a crescer cada vez mais no âmbito cultural.

“Não é à toa que hoje São Paulo é uma das cidades-satélite do Sofar em todo o mundo, a única da América Latina. Aqui a gente tem muito artista bom, muita gente querendo ver, mas faltava alguma coisa que conectasse – e eu acho que o Sofar tá fazendo isso muito bem feito” conclui, orgulhoso.